janeiro 2012 - Blog ContabilidadeMQ

Blog ContabilidadeMQ

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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Hoje é o aniversário do nosso blog. No dia 23 de janeiro de 2011 eu coloquei em prática uma vontade que eu tinha: divulgar conteúdos da área de contabilidade, finanças e negócios de um forma geral.

Inicialmente, o blog era para tratar de contabilidade internacional, disciplina que eu assumi na LUMEN, faculdade onde hoje coordeno o curso de bacharelado em Ciências Contábeis. Logo em seguida eu expandi para métodos quantitativos, que é uma coisa que eu acho divertido e que sei que é uma grande dificuldade para os contadores. Daí surgiu o nome do blog.



De uma ideia inicial de apenas um autor, surgiu a necessidade e a vontade de ampliar o foco do blog. Aí entraram em campo Augusto e Vinícius.

Entre períodos mais e menos produtivos, completamos hoje um ano de divulgação de conteúdo contábil.

Isso só é possível porque temos leitores. Sem leitores o blog não existiria mais.

Obrigado a todos por compartilharem e lerem os nossos posts.

Temos recebido alguns emails e comentários que sempre são bem vindos. Agradeço a todos e que venham mais!


Veja onde o blog começou aqui: http://contabilidademq.blogspot.com/2011/01/primeiro-post.html

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

A princípio é importante ressaltarmos que a forma de avaliação dos investimentos por participação no capital de outra companhia depende do tipo de relacionamento entre o investidor e sua investida. Assim, poderemos ter as seguintes situações: (i) pouca ou nenhuma influência, (ii) influência significativa, (iii) controle e (iv) controle compartilhado. No primeiro caso (i), os títulos patrimoniais são classificados como ativo financeiro (instrumentos financeiors) e, portanto, avaliados a valor justo (ou a custo em alguns casos); no segundo caso (ii), são considerados investimentos em coligadas e avaliados por equivalência patrimonial; e, nos demais casos (iii e iv) surgem as controladas e as joint ventures (entidades controladas em conjunto), situação que exige, no balanço individual, a equivalência patrimonial, bem como a consolidação (integral para as controladas e proporcional para as joint ventures).

Conforme visto, a Consolidação Proporcional é exigida para os investimentos em Joint Ventures. Mas o que seria uma Joint Ventures? As Joint Ventures tem origem na aquisição ou formação de uma entidade por dois ou mais empreendedores, sem que um deles sozinho detenha o controle da entidade. O controle conjunto requer que decisões essenciais ao negócio sejam de consenso entre os empreendedores, pelo menos entre os que dividem o poder de controle. Essa partilha do controle é usualmente definida no estatuto ou contrato social ou em documentos firmados à parte.

Lembrar que os empreendedores podem até ter participações societárias diferentes na entidade controlada em conjunto (por exemplo, a Empresa A detém 70% e a Empresa B detém 30%) e, ainda assim, o controle pode ser compartilhado, quando o estatuto ou acordo firmado entre tais acionistas definir que o controle será compartilhado, ou seja, que haverá decisões consensuais entre as partes no exercício do poder para reger as políticas financeiras e operacionais da entidade. Um exemplo comum de entidade controlada em conjunto é quando duas empresas combinam suas atividades em uma linha específica de negócio pela formação de uma entidade distinta, a qual é controlada em conjunto pelas duas empresas instituidoras.


Depois de conceitual Joint Ventures, o que seria a Consolidação Proporcional, afinal?? A consolidação proporcional é “o método de contabilização pelo qual a participação do empreendedor nos ativos, passivos, receitas e despesas da entidade controlada em conjunto são combinadas, linha a linha, com itens similares nas demonstrações contábeis do empreendedor, ou em linhas separadas nessas demonstrações contábeis” (CPC 19).

Ou seja, a consolidação proporcional implica em reconhecer a parte do empreendedor nos ativos, passivos, receitas e despesas da joint ventures, adicionando tais valores a seus próprios ativos, passivos, receitas e despesas, por natureza (método linha a linha), incluindo tais valores em linha subsequente à linha correspondente às contas patrimoniais e de resultado de mesma natureza em suas demonstrações contábeis. Assim, basta aplicar o percentual de participação efetivo do empreendedor sobre o saldo de cada ativo, passivo, receita e despesa da joint venture, integrando-os em suas demonstrações contábeis. Portanto, não existirá a figura da participação dos não controladores, até porque não existe um controlador unilateral com preponderância nas decisões sobre políticas financeiras e operacionais da joint venture.


Vale ressaltar que, a diferença entre a consolidação integral e proporcional é que, na primeira, para as demonstrações consolidadas são integrados os valores correspondente a 100% dos ativos, passivos, receitas e despesas, porque há de fato o controle de 100% sobre esses elementos. E, na segunda, para as demonstrações consolidadas são integrados os valores correspondente à parte de empreendedor (certamente menor que 100%) em cada conta patrimonial e de resultado. Assim, a aplicação da consolidação proporcional significa que o balanço patrimonial do empreendedor inclui sua participação nos ativos que ele controla de forma conjunta e sua parte nos passivos pelos quais ele é conjuntamente responsável. Da mesma forma, a demonstração do resultado do empreendedor inclui sua parte nas receitas e despesas da entidade controlada em conjunto.


Da mesma forma que nos investimentos em controladas e coligadas, poderá haver saldos de operações ativas ou passivas entre as partes (empreendedor e joint venture). Nesse sentido, vale lembrar que, de acordo com o CPC 19, quando o investidor transfere ativos para a joint venture, ele reconhece no resultado somente a parte desse lucro atribuível aos demais empreendedores; é como se o empreendedor estivesse vendendo (com lucro) uma parte do ativo para os demais empreendedores (cujo ganho é reconhecido no resultado) e outra parte para si mesmo (não reconhecendo nenhum ganho no resultado, pois essa parte continua sob seu controle). Por outro lado, quando o empreendedor comprar ativos da joint venture, ele não reconhece em seu resultado a parte que lhe cabe no lucro dessa venda (auferido pela joint venture), nem em suas demonstrações individuais (via MEP) e nem nas demonstrações consolidadas (via consolidação proporcional).

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

A governança multi-stakeholder, isto é, multilateral, é um dos fatores que torna a internet brasileira um sucesso. Todavia, ela floresceu na fase em que a Lei de Informática estava sendo flexibilizada e o Sistema de Telecomunicação nacional, em fase de privatização. De acordo com uma pesquisa de doutorado apresentada no último mês de agosto na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, percebe-se uma simbiose entre o desenvolvimento da internet e a evolução da sociedade da informação doméstica, e uma relação de mútua vantagem entre a governança liderada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) e os movimentos de abertura do mercado de Tecnologia da Informação e Comunicação.

O estudo realizado pela administradora Tomi Adachi se propõe a somar ao arcabouço de conhecimento da internet, por meio da análise dos atores, agentes e estruturas que construíram a rede que suporta a governança da internet nacional, indicando a importância do seu papel na evolução do Sistema de Informação e Comunicação brasileiro. O trabalho foi orientado pelo professor Nicolau Reinhard.

A pesquisa utiliza o estudo de caso do CGI.br como base para a narrativa elaborada com os critérios das teorias Ator-Rede, dos sociólogos franceses Bruno Latour e Michel Callon e do britânico John Law, e Estruturação, do sociólogo britânico Anthony Giddens, inserida em um contexto panorâmico, baseada no contextualismo do também britânico Andrew Marshall Pettigrew, auxiliando a compreensão de alguns fatos e eventos no tempo e espaço.

A questão que norteou este estudo é se o CGI.br representou um papel importante no desenvolvimento da sociedade da informação no Brasil, uma vez que a evolução da internet está intrinsecamente ligada à história de sua governança. O estudo de caso único adota uma perspectiva sociológica de Sistema de Informação, epistemologicamente fundamentada no construtivismo, com uma abordagem interpretativista.

Baseado em entrevistas com pessoas diretamente ligadas à história do CGI.br, os dados foram triangulados com informações secundárias, coletadas em documentos oficiais e acadêmicos. De acordo com a pesquisa, a internet no Brasil tem quatro marcos importantes: primeiro, a criação da infraestrutura do backbone acadêmico (rede que interliga todos os computadores); segundo, a portaria interministerial que cria o CGI.br; terceiro, a transição da era FHC para o governo Lula, que assina o decreto que atribui ao Comitê e a definição de diretrizes estratégicas, e quarto, o processo de convergência digital em curso, no mundo inteiro.

Teorias


A teoria Ator-Rede propicia elementos conceituais para se construir a rede que articulou a criação da infraestrutura da internet, da sua fase acadêmica até culminar na criação do Comitê Gestor, permitindo a inserção de atores não humanos, como os backbones acadêmicos.

A Teoria da Estruturação é utilizada para demonstrar a dualidade da rotina de interação entre os membros do Comitê Gestor e os recursos e políticas públicas do Sistema de Informação e Comunicação nacional, bem como sua recursividade, ao longo da governança da internet. Pettigrew sugere compor o contexto interno e externo do caso, de forma longitudinal e vertical, do processo de construção da internet nacional, da fase acadêmica à institucionalização da governança, resultando em um desenvolvimento fluido, em âmbito nacional e internacional.

Fonte: Retirado do site da USP

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Esse artigo foi publicado na 2ª edição da Revista Balanço Contábil e representa bem algumas coisas que eu penso sobre a contabilidade e a atidude dos contadores.

A versão que saiu na revista está mais resumida. Essa é a versão inicial que passou pela mão do editor e teve que ser resumida - o editor e autor sou eu, diga-se de passagem.

O CONTADOR EMPREENDEDOR E A QUALIDADE DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL

O objetivo da informação contábil é fornecer informações úteis para a tomada de decisões econômicas ou avaliações por parte dos diversos usuários dessa informação, segundo a Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro, do Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Isso os contadores, bancos, Estado, uma parte dos administradores de empresas e outros usuários da informação sabem, porém alguns deles parecem não concordar quanto à utilidade dessa informação para a tomada de decisões, de fato, conforme apresentado por diversas pesquisas que mostraram que, principalmente as micro, pequenas e médias empresas, especialmente as familiares, não utilizam a informação contábil para as decisões da empresa.

Essa perda de utilidade se dá por diversos fatores, dentre os quais podemos citar para o caso específico dos empreendimentos paraibanos os seguintes: (a) economia pouco desenvolvida; (b) grande número de empresas familiares, fazendo com que o gestor, por estar há muito tempo no negócio, entenda que já tem todas as informações disponíveis, não necessitando de auxílio dos relatórios contábeis; (c) informações que não são reconhecidas pela contabilidade, mas que podem fazer diferença na tomada de decisão. Um exemplo disso são as empresas em que há uma grande volatilidade no preço das mercadorias mantidas em estoque e que a utilização do custo histórico, pela contabilidade, impede que as entidades tenham um controle efetivo apenas pela contabilidade tradicional.

Outro fator importante que faz com que a relevância da informação contábil seja perdida é que o sistema contábil é muito vinculado às exigências fiscais, do Estado como um todo, e dos bancos. Essas exigências enviesam a informação contábil, aumentam a carga de trabalho dos contadores para esses fins, fazendo com que o empresário tenha a informação limitada e isso é um dos fatores principais para a perda de conteúdo informativo dos relatórios contábeis. Por esses motivos, é necessário que as Faculdades e empresários da Contabilidade estimulem o espírito empreendedor, nesse caso intraempreendedor, para que os preparadores da informação contábil visualizem as empresas para as quais eles prestam serviços como sendo usuárias, de fato, de suas informações, não apenas os bancos e o Estado.

Existem inúmeras informações que o contador, com formação empreendedora, pode fornecer aos seus usuários, que não o quantum de tributos que sua empresa haverá de pagar, ou sua folha de pagamento do mês. Um exemplo interessante e simples onde o contador observou uma oportunidade de reduzir custos na empresa, estudou a situação e forneceu o relatório para o gestor, foi no caso de uma escola que tinha muitos aparelhos antigos de condicionamento de ar que poderiam ser trocados por alguns novos, com a possibilidade de gerar maior conforto aos seus clientes e ainda reduzir custos operacionais. Esse tipo de informação não é comumente disponibilizada pelos contadores aos seus clientes, mas é um nicho de mercado que poderá começar a ser explorado como forma de aumentar o leque de serviços prestados.

Utilizando-se de ferramentas simples da matemática financeira, o contador mostrou aos seus clientes que eles teriam uma redução de aproximadamente R$ 700,00 por mês, o que dá quase R$ 8.400,00 por ano e que o investimento seria recuperado em menos de 3 anos, com equipamento de vida útil para empresa de 7 anos. Para um profissional que é visto apenas como “aquele que traz valores para a empresa pagar”, uma redução de custo mensal de R$ 700,00 é uma boa informação e relevante.
Outras informações podem ser fornecidas (análise de rentabilidade, liquidez, custos, giro dos estoques etc) por contadores criativos e empreendedores, mesmo que não haja cobrança para isso por parte dos usuários, por não ser do seu conhecimento a existência desse tipo de informação. As empresas de Contabilidade que fornecem esse tipo de informação, na Paraíba, são diferenciadas e conseguirão destaque no mercado, visto que é um ramo dificilmente explorado.

GIRÃO, Luiz Felide de Araújo Pontes. O contador empreendedor e qualidade da informação contábil. Revista Balanço Contábil, 2 ed., 2012.