2021 - Blog ContabilidadeMQ

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domingo, 29 de agosto de 2021

Na última quarta-feira eu estive no Score Summit 2021 para participar de um painel sobre educação financeira comportamental.


Quem quiser assistir, começa a partir das 3h41.



sábado, 21 de agosto de 2021

 TDAH é uma sigla que ficou muito em evidência recentemente com a participação de Fiuk no BBB 21 - mas que atinge cerca de 5% das crianças do mundo inteiro.

É importante destacar que nem todos os TDAHs são iguais a Fiuk. Cada pessoa pode ter sintomas específicos, dependendo de vários fatores, inclusive da alimentação, estilo de vida em geral etc.



Além de ser a "doença de Fiuk", a sigla TDAH quer dizer o seguinte:

  • T - Transtorno (do)
  • D - Déficit (de)
  • A - Atenção (com)
  • H - Hiperatividade

Segundo a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), TDAH é um transtorno neurobiológico, que tem causas genéticas e que aparece na infância - mas pode te perseguir na vida adulta, como é o meu caso.

Então, sabendo que cerca de 5% das crianças do mundo têm TDAH, que 60% delas continuam com os sintomas durante a vida adulta, desde 2020 eu resolvi começar a falar publicamente sobre isso.

Por quê? Simplesmente porque eu queria. Acho que é importante falarmos dos nossos problemas. Mas também quis falar para ver se conseguia ajudar outras pessoas - lá no meu instagram você pode encontrar um monte de materiais meus. Durante a minha adolescência eu cansei de ouvir que eu não daria certo em nada... mas parece que as pessoas estavam erradas.

Além de ser TDAH, eu gosto de mostrar às pessoas que elas estão erradas - talvez até seja parte de um dos sintomas. Mas nem todo mundo tem esse "vício" e alguns desistem de tudo no meio do caminho. Por isso que também acho muito importante falar publicamente sobre a minha condição.

No colégio eu era um péssimo aluno. Implantava bombas no banheiro, quebrava cadeiras, não ficava atento às aulas, não estudava direito... até que um dia eu coloquei na cabeça que eu estudaria para ser "alguém na vida" (como me diziam direto) e nunca mais parei. Fiquei até viciado nisso (ou será que é o hiperfoco, que eu falarei mais a frente, um poder mutante dos TDAHs?).

Fora esta introdução, dividi o artigo em mais 3 tópicos. O próximo eu falo de forma geral sobre as dificuldades do TDAH no mercado de trabalho, depois falo das ferramentas/metodologias que uso para contornar o meu problema e finalizamos com a conclusão.

Vamos nessa?!

QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS DIFICULDADES QUE O TDAH TRAZ PARA O PROFISSIONAL?

Primeiramente, eu lembro que não sou profissional de saúde. No máximo, sou profissional da saúde financeira das pessoas e das empresas.

O que eu vou falar aqui não deve ser usado para diagnóstico ou tratamento de ninguém. Recomendo que busquem psicólogos, psiquiatras e/ou neurologistas - o diagnóstico é clínico e multidisciplinar. Eu faço acompanhamento com os 3 profissionais.

Como o nome diz, o transtorno é de DÉFICIT DE ATENÇÃO com HIPERATIVIDADE/IMPULSIVIDADE. Só essas duas/três coisinhas já nos trazem muitos problemas na vida pessoal e profissional. Abaixo eu listo alguns problemas/implicações (entre parênteses e em negrito coloco alguns comentários meus):

  • Desempenho abaixo do seu real potencial
  • Desatenção ou déficit de atenção
  • Esquecimento (por memória ou por falta de atenção)
  • Dificuldade de relacionamento pessoal e profissional
  • Viver no "mundo da lua", ou estar no meio de uma conversa pensando em 300 outras coisas
  • Hiperatividade (não conseguindo ficar quieto frequentemente - isso atrapalha assistir aulas ou participar de reuniões)
  • Dificuldade com burocracia, regras, aceitar autoridade e limites
  • Problema de início ou de priorização de tarefas no trabalho (nós gostamos de fazer o que é mais divertido e o que dá para fazermos sozinhos, para não ter que interagir e depender de ninguém)
  • Hiperfoco (é uma habilidade que temos de ficar completamente focados em um trabalho/tema em específico, esquecendo de todo o resto ao nosso redor - isso pode ser ruim, porque você deixa de fazer outras coisas tão ou mais importantes)
  • Atrasos
  • Procrastinação
  • Irritabilidade (eu tenho muito este problema, especialmente quando estou sem fazer exercícios físicos)
  • Inquietação (só depois do meu diagnóstico que eu consegui entender o porquê de eu sempre estar buscando um projeto novo - fazia a parte mais difícil, deixava o projeto para alguém tocar e seguia para outro mais divertido)
  • Fala impulsiva e impulsividade (que podem gerar vários mal entendidos kkk)
  • Dificuldade de avaliar o seu próprio comportamento
  • Muita coisa acontecendo na cabeça ao mesmo tempo, o que dificulta a organização do pensamento
  • Confusão para expressar o que quer dizer com clareza (devido ao ponto anterior - já parou para pensar sobre como é difícil conversar com alguém quando tem outras inúmeras "vozes" na sua cabeça querendo fazer várias outras coisas ao mesmo tempo?)
  • Podem parecer egoístas (talvez pelo hiperfoco as pessoas não entendam quão focados estamos numa coisa e como isso é importante para o nosso bem estar)
  • Associação com outros problemas como uso de drogas (álcool incluso), ansiedade, síndrome do impostor e depressão (eu tenho demais Síndrome do Impostor, mas com a terapia isso tem melhorado)
  • Maior propensão a se envolver em acidentes e violar regras de trânsito (esse é um dos motivos pelos quais eu praticamente abandonei 100% o uso de carro há alguns anos - estava ficando com medo de dirigir e estava levando muitas multas)
  • Maior propensão a assumir comportamentos arriscados, como práticas sexuais de risco, atividades perigosas, prazer por situações extremas seja em esportes ou na profissão (talvez por isso eu tenha uma carteira de investimentos muito agressiva e nunca me importei muito com isso - também só gosto de esportes de luta e surf)
  • Capacidade alterada para avaliar o risco
  • Dificuldade de realizar atividades chatas (eu errava com frequência os lançamentos contábeis quando fui estagiário de contabilidade - era muito chato e repetitivo - mas dava algumas ideias legais/criativas para a gestão da empresa que foram implementadas)
  • Adoção de um estilo de vida pouco saudável (como lazer sedentário e solitário... os videogames que eu tanto gostava de jogar, o surf sozinho na adolescência e os vídeos de pegadinhas que eu tanto gosto de assistir)
  • Condutas antissociais (uma memória antiga da minha infância é que eu não queria interagir com outras crianças e nem pegar salgadinhos ou doces nas festas de aniversário - além disso, eu fico constrangido quando alguém dá beijo e/ou abraço)
  • Relacionamentos amorosos de curta duração (isso não foi um problema para mim - estou há 12 anos com a mesma namorada, que é minha noiva agora)
  • Dificuldade de aguardar a sua vez de falar (#NãoÉMansplaining)
  • Dificuldades na vida familiar
  • Dificuldade para expressar sentimentos
  • Dificuldades financeiras por descontrole financeiro (esse aqui eu não tenho, felizmente)
  • Dificuldade com organização em geral
  • Baixa autoestima
  • Inibição social
  • Excesso de atividades ou trabalho
  • Problemas de sono como dificuldade para dormir, não acordar no horário correto e sonolência durante o dia

Mas nem só de coisas ruins vive um TDAH. Algumas dessas "coisas ruins" que listei acima podem ser boas também, além de outras boas características que são associadas aos TDAHs. Vejamos:

  • Hiperfoco e energia para trabalhar nas coisas que gostam (esse é o nosso maior poder mutante, na minha opinião, mas tem que ser usado com parcimônia, senão atrapalhará a sua vida pessoal - tenho muita dificuldade com isso - Michael Phelps é TDAH, viciado em treinar). Segundo a Super Interessante, o hiperfoco (capacidade de supercontração das mentes desatentas) foi útil para os nossos ancestrais caçadores, porque o cérebro deles ficava muito focado em encontrar a caça para matar e comer. Outro exemplo de hiperfoco: era para eu escrever esse artigo em 30 minutos, mas me diverti tanto que já gastei umas 2 horas - completamente hiperfocado, como se nada mais existisse ao meu redor
  • Hiperatividade e impulsividade ("pessoas impulsivas não ficam se vitimizando", nós vamos para cima do problema)
  • Criatividade (vários artitas, empresários bem sucedidos e inventores/cientistas são TDAH, procura no Google)
  • Empatia
  • Espontaneidade (acho que isso é a forma de ver o copo meio cheio na impulsividade e que só vem com o treinamento adequado)
  • Tenacidade (ou teimosia? kkk Mas é isso, somos duros e não desistimos fácil)
  • Flexibilidade no pensamento (é o copo meio cheio da falta de atenção, mas é bem legal)

Todavia, para se aproveitar das vantagens, é importante fazer o tratamento/treinamento adequado e se planejar bem para a vida pessoal e profissional.


TDAH: QUAIS SÃO AS FERRAMENTAS QUE EU USO PARA ME AJUDAR NO TRABALHO

Como vimos, não é tão ruim quanto parece né? Dá para driblar os problemas e transformar seu "problema mental" em uma coisa boa para você e sua produtividade.

Muitos dos problemas citados na seção anterior me ajudaram a ser uma pessoa mais forte e a lidar melhor com alguns problemas pessoais.

Antes de mostrar o que eu faço para controlar o meu TDAH, é importante destacar que eu desenvolvi a minha estratégia a partir dos 16-17 anos, quando ainda não tinha o diagnóstico (que só veio lá pelos 26 anos).

As estratégias mudaram ao longo do tempo e o meu caso piorou quando terminei o doutorado, pelo excesso de demandas, comecei a orientar trabalhos de mestrado (agora não era mais eu ficando 24 horas ligado rodando regressão, tinha ajudar meus alunos no planejamento e execução - logo eu...) e um início de depressão.

Vamos às ferramentas/metodologias que eu uso para tentar extrair o máximo do meu poder mutante:

  • Meditação (costumo fazer entre 5 e 15 minutos de meditação - gosto do canal Yoga para Você e também do programa Medita-Ação da TC Rádio que você pode acessar gratuitamente na TC Station do nosso app)
  • Exercícios físicos para gastar bastante energia e deixar as 30 vozes da sua cabeça mais caladinhas (finalmente voltei pro Jiu-Jitsu e já percebi muita melhoria na qualidade de vida e do trabalho)
  • Dormir bem
  • Alimentação saudável (essa daqui eu vacilo muito, com muita frequência)
  • Usar ferramentas que evitem fazer com que você esqueça o que tem que fazer ou perca prazos (Trello e alertas do Slack, por exemplo. Sempre que peço algo a alguém, coloco um alerta no Slack para me lembrar que eu pedi algo a alguém no trabalho)
  • Documente as atividades realizadas, para não ficar com a sensação de que não fez nada porque você queria fazer o trabalho de 1 ano em 1 dia (sinto isso direto, até que descobri que se eu controlar as atividades que eu fiz em um papel e riscar quando concluir a tarefa isso me deixa muito feliz. Após isso, no final do dia eu coloco tudo o que eu fiz em um card do Trello e no final da semana eu vejo tudo o que fiz na semana. Isso me dá uma bela sensação de dever cumprido)
  • Exagere ao usar agenda!
  • Considere usar o Método Pomodoro (veja aqui no meu blog como eu costumava usar - atualmente tenho usado a extensão do Google Chrome "Marinara: Assistente Pomodoro")
  • Planeje no final do dia o que tem que fazer no dia seguinte
  • Priorize os itens da lista de atividades
  • Nós temos a tendência de achar que uma atividade, como escrever um artigo para o Linkedin sobre TDAH vai durar 30 minutos, mas facilmente ela dura mais de 2 horas. Então sempre é bom considerar uma gordurinha nas atividades
  • Tente "gameficar" (ou criar metas) as atividades, para ficar mais divertido e dar a sensação de que você está concluindo as coisas que tem que concluir
  • Use o alarme do celular para as coisas mais importantes - você terá uma tendência a procrastinar algumas coisas que aparecem alertas na agenda
  • Delegue atividades (eu tinha muita dificuldade com isso, mas agora estou lidando bem com a ajuda da terapia)
  • Diga não (eu tinha muita dificuldade com isso, mas agora estou lidando bem com a ajuda da terapia)
  • É importante ter uma rotina muito bem definida. Essa é uma das minhas maiores dificuldades. Eu geralmente consigo por um tempo, me desorganizo todo, depois volto. É cíclico para mim

Eu ainda uso meus poderes de forma exagerada e a minha vida pessoal fica prejudicada. Estou trabalhando nisso junto com a minha terapeuta, 1 vez por semana, há mais de 1 ano e 5 meses, aproximadamente.

Adicionalmente, eu tomo um medicamento para o TDAH e um medicamento para ansiedade. Não vou falar deles aqui para ninguém se sentir estimulado a tomar - tem efeitos colaterais e é importante ver se o seu neuro ou psiquiatra acha que deve tomar medicação.

Fazer terapia foi (e ainda é) muito importante para eu entender e aceitar o meu problema. Ela me convenceu a ir mais tarde para o trabalho. Chegava no escritório por volta das 06h30 da matina, mas aqui em São Paulo as pessoas costumam começar a trabalhar mais tarde. A implicação disso era que eu tinha uma péssima qualidade de vida, porque começava a trabalhar cedo e tinha que continuar disponível até tarde da noite. Só com essa pequena mudança, minha qualidade de vida melhorou significativamente - bem como a produtividade no trabalho.

CONCLUSÃO

Para finalizar, quero passar uma mensagem de coach para os que têm essa condição tão chata, mas tão fantástica ao mesmo tempo: o problema não é ter TDAH. Todo mundo tem algum tipo de problema. O problema é não aceitar e não tratar.

Se me perguntassem se eu gostaria de retirar os sintomas da minha vida, eu diria que não provavelmente. Gostaria de me manter como TDAH.

Também existe o lado bom, apesar dos pesares. Um dos estudos que coloquei no final deste artigo até diz que 35% dos entrevistados numa pesquisa não gostariam de eliminar os sintomas, 16% foram ambivalentes e 21% não conseguiram responder.

É muito difícil ser eu (ou você com TDAH que me lê), mas todo mundo tem os seus problemas e todo mundo deve pensar assim também: é muito difícil ser eu.

Todos os dias é uma guerra diferente contra a sua própria cabeça. Então o que eu posso fazer (e você que me lê) é tentar contornar o problema e focar na missão.

E você, vai ficar se martirizando ou vai contornar o problema e focar na missão?

Abaixo você pode encontrar alguns materiais complementares que foram usados para a produção deste texto:

Link da Associação Brasileira de Déficit de Atenção: https://tdah.org.br/

Link do site Focus TDAH: http://focustdah.com.br/tag/vantagens/

Link sobre os mitos do TDAH: https://institutoneurosaber.com.br/mitos-e-verdades-sobre-o-tdah/

Link com estratégias para o dia-a-dia: https://tdah.org.br/tdah-no-adulto-algumas-estrategias-para-o-dia-a-dia/

Link sobre benefícios do INSS para pessoas com TDAH: https://www.jornalcontabil.com.br/voce-sabe-quais-sao-os-beneficios-do-inss-para-as-pessoas-que-sofrem-de-tdah/

Sugiro também que vocês acompanhem o podcast Tribo TDAH. Eles começaram a falar do assunto publicamente por acaso - assim como eu. Viram a repercussão que deu, com o grande volume de pessoas com o problema, que resolveram criar o primeiro podcast específico do Brasil sobre o assunto. Aqui está o Instagram deles: https://www.instagram.com/tribotdah/

Imagem da capa deste texto foi retirada daqui: https://tdah.org.br/tdah-no-adulto-algumas-estrategias-para-o-dia-a-dia/

Alguns estudos que li para pegar informações para o texto:

  • Consequências do transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) na idade adulta: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862018000100008
  • Qualidade de vida e TDAH:  https://www.scielo.br/j/jbpsiq/a/pKqqM76QhR6BFrwHfJhLcgR/?format=pdf&lang=pt
  • A pessoa com TDAH no mercado de trabalho e o papel do psicopedagogo institucional: https://cadernosuninter.com/index.php/intersaberes/article/view/1366

segunda-feira, 15 de março de 2021

Hoje é um dos dias mais especiais e emocionantes da minha vida. Estou mais feliz e emocionado do que quando fiz os principais lançamentos até hoje das áreas que eu cuido mais diretamente no TC: 


Isso se dá por dois motivos:

1) Hoje faz um ano da última vez que dei uma aula/palestra presencial. Foi no último TC Road Show que fizemos. Neste dia, eu e Rafael Ferri fomos pessoalmente a Vitória, dar a palestra na UFES (obrigado a Fabrício Carletti e José Elias Feres de Almeida pelo apoio) - ainda não tínhamos lockdown e o auditório estava lotado!

Pedro Albuquerque, CEO do TC e gestor do Fundo Cosmos Capital, comprou 3 passagens para poder ir pessoalmente, mas toda hora acontecia algum problema diferente e ele não poderia deixar o nosso quartel general sozinho - para dar atenção aos nossos assinantes, naquele período de caos na bolsa, pois já estávamos tendo circuit breaker aqui no Brasil e limite de baixa nos EUA. Mas ele participou remotamente.

A palestra foi muito boa, teve muita interação, muita conversa sobre valuation e trading.

TC School Roadshow em Vitória, com Felipe Pontes, Rafael Ferri e Pedro Albuquerque

 

2) Hoje lançamos oficialmente a nossa TC Radio, TC Station, com vários programas, inclusive a nossa @tcradiooficial . Isso é uma grande revolução para o nosso mercado.

Nossa programação é sobre economia, finanças, investimentos, cinema, cultura e música o dia inteiro!!

Basta abrir a conta gratuita no TC, ou baixar o aplicativo TradersClub (se já tiver o app, basta atualizar).

Aqui você pode ver, por exemplo, algumas informações com os convidados especiais da semana de lançamento:


 


sábado, 13 de março de 2021

Eu sempre disse que independente de qualquer coisa, eu nunca pretendo me afastar da academia. Até porque o meu trabalho no TC é basicamente o mesmo que eu fazia na Universidade - porém com mais recursos, com equipe sendo bem remunerada e sem burocratas e suas burocracias para me atrapalhar.

Eu sei também que sempre que falo essas coisas que vou falar neste texto, cada vez mais sou boicotado por alguns tipos de acadêmicos. Não me importo com isso. Não vou deixar de falar o que penso e o que pode fazer com que a pesquisa científica brasileira possa ser mais útil para a sociedade.





Desde 03/2019 eu estive como Editor Associado da área de Contabilidade e Finanças da Brazilian Business Review (BBR),  uma das principais revistas científicas de finanças do Brasil.

Desde 04/2019, eu também estive à frente da Newsletter da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Contabilidade (ANPCONT), como cofundador e primeiro Editor-Chefe - ajudando a tirar do papel a ideia da Diretoria anterior da ANPCONT.

Hoje estou saindo da editoria das duas, para dar espaço para novas cabeças poderem trazer novas ideias e novas contribuições, e estou entrando efetivamente como Editor Associado Ad-hoc da Revista de Contabilidade & Finanças da USP

Estas 3 instituições citadas estão sempre dispostas a aproximar academia e mercado. Infelizmente ainda temos gente que pensa diferente e é sobre isso que falarei nos próximos parágrafos - mas acredito que eles não sejam maioria, de qualquer forma... ainda bem.

Preparados? Vamos lá! 

CONTEXTUALIZANDO A "DIFERENÇA ENTRE ACADEMIA E MERCADO"

Disclaimer inicial: isso aqui é a minha percepção pessoal, com base no que eu tenho vivido desde setembro de 2019, especificamente.

É legal ver que não são todos os componentes do que chamamos de "academia" que têm a visão dinossauresca de que só acadêmicos-universitários podem participar da "academia" - como se fosse de fato uma academia ou um clube que só se pode entrar com o selinho universitário. 

Na parte do mercado eu nunca tive um problema por ser considerado acadêmico. Pelo contrário, tenho muita abertura com muita gente do mercado e estou no TC justamente pela minha formação acadêmica e aproximação com o mercado. 

Já na academia, tive alguns problemas que me entristeceram muito, porque eu não esperava uma cabeça tão fechada vindo de alguns acadêmicos. Aqui estão dois exemplos:

  1. Logo quando vim para o TC, a organização de um grande congresso de finanças do Brasil me convidou para ser coordenador de uma área de pesquisa, mas quando descobriram que eu não estava mais com o selinho universitário, me desconvidaram de uma forma até grosseira e pouco educada (praticamente me ignorando e não me respondendo mais, após o "desconvite"). 

  2. Outra vez, meu nome foi sugerido para ser editor de uma revista científica, mas não foi aceito pelo conselho porque eu não estava mais com o selinho universitário.

Meu amigo Zé Elias, atual Presidente da Anpcont, sempre me diz para esquecer isso. Desculpa, Zé, mas eu nunca esquecerei. Por outro lado, eu também nunca deixarei a academia de lado, apesar do dinossaurismo de alguns. 

Se engana quem pensa que isso é uma questão de idade. Não parece que seja! Tenho receio de que existam mais dinossauros da nova geração do que da geração anterior, inclusive. Vamos trabalhando para não deixar os dinossauros atrasarem o desenvolvimento da academia.

UM PASSO A FRENTE E VOCÊ JÁ NÃO ESTÁ MAIS NO MESMO LUGAR

Para a galera, principalmente da Academia, que reclama de preconceitos da galera do Mercado, mas é cheia de preconceitos, sugiro que leiam esse editorial que eu escrevi em 2020 - foi um pequeno desabafo sobre o preconceito que sofri quando perdi o "selo" universitário - dei mais detalhes sobre isso no tópico acima, com os dois exemplos - teve mais algumas coisas, porém já é informação demais para uma primeira conversa.

No link do Editorial, em resumo, adicionalmente, eu disse que as nossas pesquisas científicas nunca devem ser feitas para ficarem presas nos muros (ou nas grades) das universidades. Como diriam os grandes filósofos (não tenho certeza sobre quem é o autor original) Bob Marley e Mano Brown: as grades nunca aprisionarão os meus pensamentos.


Porém, mesmo com alguns pequenos empecilhos, eu nunca vou me afastar da academia. Meu trabalho e uma grande parte da Revolução que o TC, o TC School e o TC Matrix estão fazendo aqui no Brasil depende de evidência científica; e contribuir com a academia mais diretamente é um hobby para mim, me dá prazer de fato - não é um trabalho adicional.

Então é minha obrigação e dever revolucionário é continuar como seu sempre fiz: um pé em cada lado, sem separação entre "teoria e prática" - coisa que não faz o menor sentido.

Sendo assim, apesar de estar me despedindo da BBR e da Newsletter da Anpcont... estou começando uma nova jornada na Revista Contabilidade & Finanças (RCF), mantida pela USP - a melhor revista de contabilidade do Brasil e também uma das melhores do Brasil na área de finanças.

Continuarei tentando contribuir na medida do possível, apesar de tudo.


CONCLUSÃO

Concluo este texto com dois últimos tópicos:
  1. Agradecimento e último sonho acadêmico realizado
  2. Como os acadêmicos podem contribuir mais com o mercado 


AINDA BEM QUE NÃO EXISTEM SÓ OS PROFISSIONAIS QUE NECESSITAM DO SELO UNIVERSITÁRIO

Obrigado ao Professor Fabio Motoki (antigo Editor-Chefe e hoje está na University East Anglia) pelo convite para entrar na BBR, ao Professor Claudio Wanderley (UFPE) pelo convite para criar e ser o primeiro Editor-Chefe da Newsletter - agora estamos juntos também na RCF.

E meu muitíssimo obrigado ao Professor Fabio Frezatti (Editor-Chefe da RCF) e a Professora Fernanda Finotti (Editora Associada de Finanças) pelo convite para ser Editor Associado Ad-hoc da RCF.

Na primeira conversa que tivemos eu deixei claro para eles dois que eu não tinha mais o selo universitário e se isso não seria um problema para eles, dado que eu já tive problemas com isso no passado recente e a resposta que eles me deram foi MUITO ANIMADORA.

Estar no quadro de editores da RCF era o meu último sonho acadêmico. Achava que depois da decisão de vir para uma empresa esse sonho seria impossível de ser alcançado, mas o dia chegou. 

Obrigado pela confiança!

COMO CONTRIBUIR COM O DESENVOLVIMENTO DA ACADEMIA E DO MERCADO?


Aqui estão alguns exemplos de como eu tenho contribuído e todos os que lerem este post e quiserem me ajudar nisso, estou completamente disponível

Minha principal missão é ajudar a acabar com o terraplanismo no mercado financeiro e para isso precisamos de acadêmicos sérios e com a cabeça aberta.

Algumas ações que temos feito aqui no TC:
  1. Textos baseados em pesquisa científica, com linguagem mais acessível para o público em geral: abrimos espaço no nosso site para divulgar textos relacionados à contabilidade, governança corporativa, finanças em geral e investimentos. Exemplo: texto do Professor Murcia com sua ex-orientanda sobre o relato integrado
  2. TC Radio para divulgar resultados úteis de pesquisa científica para o mercado financeiro: na minha primeira participação, por exemplo, apresentei os resultados de uma pesquisa que fizemos no TC Labs para desenvolver modelos que estimem o risco macroeconômico do Brasil, com os Índices TC de Incerteza Macroeconômica
  3. Patrocínio da Olimpíada Brasileira de Educação Financeira: patrocinamos eles desde 2019
  4. Cursos gratuitos também baseados em ciência, sempre que possível, e em parceria com Universidades: a exemplo do Guia do Jovem Investidor
  5. Treinamento específico de ações e outros benefícios para universitários: disponibilizamos cursos gratuitos e diversos outros benefícios para os Universitários que participam do projeto TC Universitários conosco. Mais informações podem ser encontradas aqui neste vídeo.
  6. E-books diversos e gratuitos: temos vários baseados em ciência, a exemplo de um sobre IPOs (falamos até de gerenciamento de resultados) e um sobre o que acontece após as crises e como se proteger de forma eficiente delas (dados de 301 países e 100 anos de história)
  7. Campeonato Brasileiro de Análise Fundamentalista: iniciamos este projeto em 2020 para auxiliar Professores e alunos universitários (desde a graduação até o doutorado) a compreenderem melhor o processo de análise fundamentalista, sempre em contato com pessoas do mercado de capitais (analistas, gestores e professores muito experientes). Na primeira edição tivemos a participação do Professor Eliseu Martins, Henrique Bredda (gestor da Alaska Asset) e Adeodato Netto (Estrategista-Chefe da Eleven Financial Research). Todas as informações da competição estão aqui e se quiserem ver a final de 2020, com as equipes e os membros da banca debatendo, clique aqui.
  8. Sistema completo e gratuito de análise fundamentalista: nosso sistema TC Matrix foi desenvolvido por pesquisadores, gestores e analistas. A versão gratuita pode ser usada facilmente em sala de aula pelos professores e alunos. Basta acessar aqui, sem login - a versão com login é mais completa, mas também totalmente gratuita até o momento (13/03/2021)
  9. Gibis gratuitos de educação financeira para crianças: fizemos os gibis em parceria com o Projeto Universitário Educação Financeira para Toda a Vida.
  10. Contratação de mestres e doutores: temos hoje, no TC, só nas áreas que eu atuo, 8 mestres/doutores nas mais diversas áreas - contando comigo. Fora a indústria, acredito que estamos entre as empresas que mais contrata pós-graduados - sem ser para atividades de ensino, inclusive.

O espaço para divulgação de suas pesquisas e até parcerias, dentro do que for possível, está sempre aberto. 

Os Professores/Pesquisadores que já têm meu contato, podem falar pelo whatsapp sem maiores problemas. Quem não tem meu contato, sugiro que fale comigo pelo Instagram.

Gostaria de ver mais gente da academia tentando se aproximar mais do mercado, por exemplo, por meio dos textos - semelhante ao exemplo que dei do Professor Murcia anteriormente.

As portas do meu lado sempre estarão abertas!