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sexta-feira, 24 de maio de 2019

Recentemente a Universidade Federal da Paraíba perdeu, por precoce aposentadoria, um dos seus Professores que realmente merece ser chamado de Professor.

Eu gosto do sistema de alguns países em que para ser chamado de Professor você realmente tem que ser muito bom e ter história. 

Aqui no Brasil até um cara como eu, com pouca idade e pouca experiência, é chamado de professor. Em outro país eu seria chamado, talvez, de "doutor Felipe" e não de "professor Felipe" - professor é outro nível. Por isso eu gosto de diferenciar os que já merecem, dos que ainda não merecem. Os que eu acho que merecem, eu chamo uso um P maiúsculo. 

Vejam, o meu Professor saiu daqui da Paraíba, sem conhecer ninguém, para São Paulo com pouco dinheiro, para fazer o seu mestrado em uma época completamente hostil, porque não tínhamos as facilidades que temos hoje. Minha geração ("nutella") não precisou nem sair do conforto de casa para fazer mestrado e doutorado. Ele foi lá, raiz, para a guerra. Só por isso já devemos respeito.

Após concluir o doutorado, ele e outros amigos das Universidades de Brasília, Rio Grande do Norte e Pernambuco, criaram o que viria a ser o primeiro doutorado em contabilidade após a USP - até pouco tempo atrás só tinha a USP e o nosso Programa foi o segundo a ter doutorado.

Não vou ficar falando muito sobre o que ele fez pela Universidade, porque foi muita coisa... só espero que vocês tenham tido a sorte de terem sido alunos de alguém como o meu Professor.

Aqui está a minha carta de "despedida" que escrevi para o PROFESSOR Paulo Roberto Nóbrega Cavalcante, em uma banca que eu estaria com ele, mas não pude estar presente:

Homenagem ao Professor Paulo



(Quem quiser deixar uma mensagem para ele aí nos comentários, fique à vontade. De vez em quando ele lê o blog.)

Infelizmente eu não pude estar presente nesta minha última oportunidade de poder aprender com o meu maior mentor na Universidade. Uma banca com o Professor Paulo, mesmo eu exercendo o papel de revisor/avaliador, é sempre uma ótima oportunidade de aprender com a pessoa que mais sabe de pesquisa e de contabilidade com quem eu tive a honra de estudar e trabalhar.

Mas não é só de pesquisa e contabilidade que a vida é feita... Lembro que na qualificação do meu primeiro orientando do mestrado, estávamos quase no auge da Greve dos Caminhoneiros, em maio de 2018, quando eu disse a ele que estava comprado em Petrobras e que estava quase convicto de que não haveria intervenção do governo na política de preços. 

Ele me disse que estava convicto de que haveria alguma intervenção... quando saí da banca eu zerei minha posição em Petrobras. Uns dias depois houve intervenção do governo e a ação que estava a quase R$ 30,00 uns dias antes, caiu para menos de R$ 20,00. Foi aí que eu recomprei e consegui um bom lucro.

Vejam. A banca não tinha nada a ver com isso, mas mesmo assim eu aprendi uma coisa importante: nunca tenha convicção quando o assunto é governo. Assim, o Professor Paulo me fez sair um pouco menos pobre daquela banca.

Voltando às oportunidades de aprender com o mestre, na verdade, essa banca era a minha última oportunidade formal. 

Formalidades são pouco importantes. 

Tenho certeza de que ainda aprenderei muito, mesmo que um pouco mais à distância, com esse que merece ser chamado de Professor com P maiúsculo.

Por falar em Professor com P maiúsculo, em nossas conversas, quando precisa ser formal e me chama de "professor Felipe", eu sempre fico constrangido, porque eu não estou nem perto de merecer ser chamado de professor por um cara que é um Professor, com P maiúsculo. 

Vocês, alunos, talvez não saibam, mas existem vários tipos de professores na Universidade - cada um com a sua função específica. 

O Professor Paulo tem a função de ser Professor com P maiúsculo. Isso quer dizer que ele não é um funcionário público padrão, não é um burocrata, nem apenas um pesquisador ou professor que "só" dá aula. Ele é Professor com P maiúsculo. Só entende isso quem foi aluno dele. Ele é o Professor dos professores!

Mas, um dia, Professor Paulo, eu poderei ter a honra e o orgulho de poder ser chamado de Professor Felipe, porque eu tive o melhor dos Professores. Quem aprendeu com o senhor, só não chega lá se não quiser. Ou se não tiver caráter para isso. Querer eu quero e espero ter caráter suficiente.

Gostaria muito de estar presente nessa banca final e gostaria ainda mais que essa sala estivesse lotada de alunos e professores (e Professores) para presenciarem algo que dificilmente poderão presenciar de novo!

O senhor merece todo o sucesso e reconhecimento que tem. Nunca precisou passar por cima de outras pessoas para nada. Foi tudo talento, esforço, justiça, cuidado com o dinheiro "público" e vontade de ajudar aos outros. Como deveria ser... especialmente no setor público... como o senhor me ensinou.

Aqui está o último editorial que escrevi para a RECFin. Saio da editoria da revista, mas assumo outro trabalho de editoria. Leia abaixo:


Caro Leitor,

Tenho uma grande novidade: este é o último editorial que estou escrevendo como editor geral da RECFin.
Em 2016, após defender a minha tese de doutorado, eu entrei na revista como editor adjunto – àquela época eram apenas 2 (dois) editores para dar conta de tudo (Professor Orleans Martins e Professor Wenner Lucena) e no final do ano assumi como editor geral. Hoje somos 5 (cinco) editores – quer dizer, ainda serão, mas eu não serei mais.
O primeiro desafio que consegui implementar como editor, com a ajuda dos dois editores que me precederam, foi publicar as edições antes do início do quadrimestre. Em uma das reuniões com Orleans eu me recordo que nós nos lembramos de que o início do primeiro quadrimestre do ano era 31/12, então corremos para deixar tudo pronto a tempo. A ideia era publicar a edição pouco antes da meia noite, mas fiquei com receio de a internet parar e resolvi apertar o botão por volta de umas 20h00 do dia 31/12/2016 antes dos fogos.
Além disso, nós passamos a publicar os artigos usando APA e com resumo estruturado, para nos aproximarmos mais do padrão das melhores revistas do mundo na nossa área, além de aumentar o número de artigos publicados de 6 (seis) para 8 (oito) por edição e tentar publicar pelo menos 1 (um) artigo traduzido para inglês em cada edição (com as nossas restrições orçamentárias, foi bem difícil fazer isso gratuitamente).
Nesse período, foram 8 (oito) números em que eu estive a frente como editor geral, sendo que conseguimos publicar 8 (oito) artigos traduzidos gratuitamente para inglês e mais 5 (cinco) que já foram submetidos em inglês.
Outro compromisso que eu assumi com os editores anteriores foi o de manter o padrão de respostas rápidas e de qualidade aos autores. A RECFin era reconhecida por sua rapidez nos pareceres e eu levei muito a sério essa questão porque é muito ruim para os autores (e todos nós somos autores e precisamos publicar!) esperar vários longos meses ou até anos para receber um primeiro feedback.
Minha atenção era mais especial ainda para aqueles artigos em que eu via menor potencial de publicação. Eu buscava fazer um desk rejection rápido e com alguma ajuda para que o artigo pudesse alcançar uma publicação em um outro periódico no futuro – mesmo quando eu achava que os autores submeteram o artigo só para receber feedback ou tentar a sorte. Em compensação, recebi um monte de respostas um tanto quanto desaforadas de alguns autores, pela rejeição no desk, mas faz parte do trabalho de editor e eu acabo relevando, porque todo mundo fica chateado com rejeições.
Por falar nisso, eu gostaria de fazer um apelo aos autores para que só submetam os seus artigos quando acharem que já está no ponto e que eles não conseguem mais andar sozinhos. Os revisores são escassos, não podemos ficar “gastando” revisores com artigos que ainda não estão no ponto.
Por falar em escassez de revisores, eu gostaria de agradecer a todos os revisores que nos ajudaram nesse processo. Gostaria de agradecer, inclusive, àqueles que rejeitaram avaliar artigos. É importante que os revisores saibam dizer não quando não estão em condições de avaliar. Não é vergonha nenhuma. É vergonhoso não responder ao chamado, mesmo que negativamente, porque isso faz com que fiquemos aguardando uma resposta sua, atrasando todo o processo. Repito: todos nós precisamos publicar e não é nada bom esperar vários meses pelo primeiro feedback.
Obrigado a todos os autores, revisores, editores adjuntos, a equipe de assistentes editoriais, tradutora e demais envolvidos no processo. Tudo isso só foi possível porque todos ajudaram.
Não posso deixar de agradecer, principalmente, e mais uma vez, aos Professores Orleans Martins e Wenner Lucena, por terem me inserido nessa jornada e também a todos os editores de outras revistas com quem eu discuti algumas ideias, especialmente os Professores Fabio Frezatti (RCF-USP), Fabio Motoki (BBR-FUCAPE), Edilson Paulo e José Elias Almeida (ambos da ASAA).
Aproveito para convidá-los, ainda, a acompanhar a Newsletter da Anpcont. Serei editor desse novo projeto da Anpcont pelos próximos 2 (dois) anos: http://www.anpcont.org.br/newsletter.php
Por fim, desejo muito sucesso à Professora Adriana Fernandes Vasconcelos nessa nova jornada como Editora Geral da RECFin. A Professora Adriana já vinha fazendo um ótimo trabalho como editora adjunta na área de Educação e Contabilidade Gerencial e tenho certeza de que fará melhor ainda como Editora Geral.

Boa leitura a todos!

LUIZ FELIPE DE ARAÚJO PONTES GIRÃO
Editor Geral

terça-feira, 21 de maio de 2019

Aqui estão os slides da palestra em que falo de 15 mitos sobre investimentos. Não esqueçam de se inscrever no Canal ContabilidadeMQ e me seguir no Instagram @felfelipepontes para mais conteúdo!

Após os slides, mais para o final do post, eu explico a ideia por trás de cada mito. Vou atualizando o texto aos poucos, à medida em que eu for divulgando os mitos lá no Instagram.



Nos slides vocês verão vários mitos relacionados a esse assunto como "poupança não tem risco", "renda variável não tem risco", "analistas de investimentos sabem de tudo", "gestores nunca erram", "os bancos são bons para investimentos" (tem mitos semelhantes a corretoras e consultores independentes).








EXPLICAÇÃO DOS MITOS:

MITO 1: POUPANÇA NÃO TEM RISCO

Esse é um dos maiores mitos relacionados a investimentos.

Quem nunca chegou num banco e recebeu uma oferta de poupança e ainda foi informado de que é bom porque não tem risco?



Na imagem vocês conseguem ver alguns fatores de risco atrelados à poupança.

  • O 1º deles dificilmente ocorrerá outra vez, mas, como dizem, "quem não conhece a sua história está condenado a repeti-la". A poupança já foi confiscada em um passado recente, as ações não foram. 
  • Se o banco quebrar (que também é bem difícil de acontecer, mas pode acontecer), você pode perder uma parte do seu dinheiro que não é garantida pelo FGC. Além disso, enquanto aguarda o reembolso do FGC, você perderá rentabilidade.
  • Os valores depositados na poupança só rendem no "aniversário" (ou "mesversário") do depósito. Se você depositou no dia 10, o dinheiro só renderá no dia 10 do mês seguinte. Sacando no dia 9 você perde a rentabilidade do mês todo.
  • Você ainda corre o risco de perder para a inflação. No gráfico do lado direito, a inflação está em vermelho e as duas metodologias da poupança (antiga e a nova) estão representadas nas linhas azul e amarela, respectivamente.
  • Além disso, se você considera que volatilidade é risco, não dá para dizer que a poupança é livre de risco, porque ela depende da taxa Selic e a Selic é volátil. Apesar de ter baixa volatilidade, a Selic não é fixa.
E aí, você ainda tem dinheiro na poupança?

MITO 2: AS ALTERNATIVAS À POUPANÇA NÃO TÊM LIQUIDEZ



Nós já sabemos, no Mito 1, que a poupança só rende no "aniversário" do depósito. Então do que adianta essa liquidez (possibilidade de usar o dinheiro no dia)?

Não é muito melhor você aplicar em um fundo de baixo custo, com resgate em D+0 ou até mesmo no tesouro selic? Que rendem diariamente e não apenas no aniversário do depósito... Inclusive já existem fundos que aplicam no tesouro selic e não cobram taxas.

Pense nisso. Existem alternativas melhores do que a poupança!

MITO 3: AS ALTERNATIVAS À POUPANÇA SÃO RUINS POR CAUSA DOS TRIBUTOS



Já falamos dos riscos que existem na poupança e que poucas pessoas prestam atenção, bem como da questão da liquidez e que existem alternativas melhores nesse sentido.

Todavia, algumas pessoas ainda pensam que para aplicações de curtíssimo prazo a poupança ainda é a melhor opção, por questões tributárias.

O IOF segue uma tabela regressiva que vai de 96% a 0% (reduzindo linearmente do primeiro dia da aplicação até o 30º), enquanto que o imposto de renda de algumas alternativas à poupança variam de 22,5% (quando o dinheiro é aplicado por até 180 dias) a 15% (quando o dinheiro é aplicado por mais de 720 dias).

Vejam que mesmo assim, existem alternativas melhores do que a poupança, como fundos simples que aplicam no Tesouro Selic, o próprio Tesouro Selic e alternativas com garantia do FGC que são isentas de imposto de renda (LCI e LCA).

Pesquisem isso antes de aplicar o dinheiro na poupança da próxima vez!

MITO 4: RENDA FIXA NÃO TEM RISCO

O mito de hoje também é bem comum na vida das pessoas e os novos investidores parecem não saber disso. Lembrem da Crise de 2008, em que o que parecia não ter risco tinha muito!

Muita gente investe em renda fixa achando que porque tem o nome de "renda fixa" você sabe exatamente quanto terá de rentabilidade.

Isso não é verdade. 

A "renda" é "fixa" no benchmark (indicador de referência). Alguns títulos são realmente de rentabilidade fixa (como os pré-fixados), no sentido em que as pessoas pensam no retorno, outros são fixos em relação à Selic/CDI (90% do CDI, 110% do CDI, 100% da Selic, 70% da Selic etc).

Todavia, muita gente deixa passar dois riscos bem relevantes: 
1) Risco de mercado (volatilidade e marcação à mercado dos títulos) e 
2) Risco de crédito (possibilidade de o emissor do seu título quebrar e você não receber o dinheiro).

Nas duas imagens abaixo eu busquei exemplos para esses dois riscos e, no curto prazo, eles são muito mais fortes - aliados com algum possível risco de liquidez.

***IMAGEM 1) Na primeira imagem você pode ver que mesmo um título pré-fixado do governo tem volatilidade no curto prazo. Até ele chegar ao vencimento, com o valor de R$ 1.000,00 (valor que você concordou em receber no vencimento), ele passa por um monte de eventos de curto prazo que afetam o seu preço.

Dessa forma, pode ser, inclusive, que você perca parte do seu dinheiro, se precisar resgatar antes do vencimento. É possível também ganhar muito dinheiro, mas vá com calma!



***IMAGEM 2) Na segunda imagem é possível ver um fundo de crédito privado que vinha entregando uma ótima rentabilidade, com pouca ou nenhuma volatilidade/RISCO, até que..... teve risco.... até que quebrou.

Então, quando você vir um fundo de renda fixa, por exemplo, com liquidez em D+1 ou D+0, rendendo muito mais que o CDI... antes de entrar no fundo por causa dos indicadores quantitativos de desempenho, analise qualitativamente o que tem dentro do fundo. Pode existir uma bomba plantada nele que ainda não foi encontrada pela análise quantitativa. #NãoExisteAlmoçoGrátis


MITO 5: INVESTIR EM IMÓVEIS É MUITO SEGURO

Em breve!

MITO 6: 

Em breve!

MITO 7: 

Em breve!