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quinta-feira, 9 de novembro de 2023

A Casas Bahia, uma gigante no varejo brasileiro, vem navegando por águas turbulentas nos últimos anos, conforme evidenciado por sua trajetória financeira recente. Analisando os principais indicadores financeiros da empresa, é possível fazer um exercício criativo para propor algumas ideias de estratégias de turnaround para que a empresa possa superar os desafios atuais.

Sendo assim, nas próximas seções eu faço uma análise bruta dos números puros, sem entrar muito em questões qualitativas, para no final trazer algumas ideias para a companhia tentar superar mais esse turn-around.

Vamos nessa?


Análise Bruta das Principais Linhas do Resultado da Casas Bahia



Tendências da Receita Operacional Líquida e o Cenário de Saturação

Até 2017, a Casas Bahia apresentou um aumento constante na Receita Operacional Líquida, simbolizado por barras pretas ascendentes em nosso gráfico, refletindo uma expansão bem-sucedida e uma demanda crescente por seus produtos. 

Contudo, um platô subsequente e uma ligeira tendência de queda sugerem um mercado talvez saturado. Este estagnamento, mesmo após o ajuste inflacionário, levanta questões sobre a competição intensificada e uma possível mudança nas preferências dos consumidores.

A Queda Acentuada do Lucro Bruto da Casas Bahia e o Aumento de Custos

Acompanhando de perto a Receita, o Lucro Bruto (representado por barras roxas) atingiu seu ápice antes de sofrer uma queda acentuada. Esse padrão indica um aumento nos Custos das Mercadorias Vendidas (COGS), que pode ser atribuído a uma variedade de fatores, incluindo a elevação dos preços dos fornecedores, além de uma mudança na composição dos produtos vendidos, com um foco maior em itens de margem mais baixa (mas provavelmente um impacto mais forte do crescimento do market place).

Volatilidade e Decréscimo do Lucro Operacional (EBIT) da Casas Bahia

O Lucro Operacional (EBIT), ilustrado por barras verde claro, mostra volatilidade e uma clara tendência decrescente. Isso aponta para custos operacionais em ascensão e possíveis investimentos em áreas que ainda não estão gerando o retorno esperado. 

A deterioração do EBIT é uma preocupante indicação de que a eficácia operacional da Casas Bahia em gerar lucros está sendo comprometida ao longo do tempo.

Declínio no Lucro Líquido: um sinal de alerta ainda mais forte

A queda no Lucro Líquido, marcada por barras verde escuro, é um sinal alarmante. Isso aponta que, além dos desafios operacionais, a empresa pode estar lidando com encargos financeiros relevantes, como dívidas, impactando negativamente o resultado final.

Ideias de Estratégias de Turnaround para a Casas Bahia

Para navegar por este cenário desafiador, a Casas Bahia pode considerar as seguintes estratégias de recuperação, pensando de forma ampla e usando a criatividade. 


No final das contas, esse texto é mais voltado para ajudar os meus alunos a entenderem o que pensar quando estiverem analisando uma empresa nesse cenário. Acredito que a gestão da empresa já tenha pensado nessas questões e já esteja trabalhando nisso:

  • Análise de Mercado: investigar as tendências do consumidor e a dinâmica competitiva para adaptar o portfólio de produtos e a estratégia de precificação.

  • Eficiência Operacional: enfatizar a redução de custos, melhorando a cadeia de suprimentos, renegociando contratos com fornecedores e aprimorando a logística.

  • Transformação Digital: pensar melhor sobre os investimentos em e-commerce e soluções tecnológicas para captar a demanda crescente do mercado online.

  • Reestruturação Financeira: revisar o perfil de capital e explorar opções de refinanciamento para diminuir o serviço da dívida e fortalecer a liquidez.

  • Renovação de Marca e Marketing: revitalizar a marca com campanhas direcionadas e aprimorar a experiência do cliente tanto no ambiente digital quanto nas lojas físicas.

A administração da Casas Bahia precisa, na minha visão, abordar esses pontos,  buscando aprimoramentos operacionais e a inovação em suas estratégias de mercado.

Conclusão e Perspectiva para Investidores


À medida que a Casas Bahia se esforça para implementar essas mudanças estratégicas, é vital que os investidores e partes interessadas acompanhem os desenvolvimentos de perto. Acompanhar os indicadores financeiros e os resultados das iniciativas de turnaround será essencial para avaliar o sucesso dessas ações e o potencial de recuperação da empresa.

Quer ter acesso a mais materiais gratuitos sobre análise fundamentalista de investimentos? Sugiro entrar no Hub do Valuation, no Telegram, e acompanhar o Blog da L4 Capital, clicando nos links abaixo:

segunda-feira, 11 de setembro de 2023

No geral, nós só costumamos lembrar da governança corporativa quando temos algum problema com as empresas em que investimentos, confere?

Hoje, quero destacar a relevância crítica dos mecanismos de governança corporativa para proteger os acionistas minoritários em empresas de capital aberto. E para ilustrar isso, trago o caso recente da Eletromidia.



Desde o final de agosto, os acionistas minoritários da Eletromídia estavam ansiosos para descobrir o preço acordado na negociação entre a Eletromídia e a Globo.


Os números revelam uma situação que levanta sérias questões sobre a proteção dos interesses dos acionistas minoritários.


Globo fez preço médio em cima dos acionistas minoritários da Eletromídia

A Globo adquiriu ações da Eletromídia a um preço de R$ 22,56 por ação.


Contudo, a realidade atual do mercado mostra que as ações da Eletromídia estão sendo negociadas por cerca de R$ 17,71 - na época em fecharam a negociação em agosto, as ações estavam sendo negociadas por volta dos R$ 15.


🛒 A compra das ações aconteceu em duas fases

Primeiro, a Globo comprou 12 milhões de ações a R$ 22,56, desembolsando aproximadamente R$ 271 milhões.


Depois, em 29 de agosto, a Globo adquiriu mais 11 milhões de ações a um preço médio de R$ 15,45.


Esse segundo movimento fez com que a média de preço recaísse sobre os ombros dos acionistas minoritários.


O gráfico abaixo mostra os movimentos, com dados extraídos do relatório da Instrução CVM 358, agora Resolução CVM 44:



🏛️ Governança corporativa importa

O ponto crucial aqui é que os controladores venderam suas ações a um preço mais alto e os acionistas minoritários foram deixados com um preço mais baixo.


Isso demonstra a importância de uma estrutura de governança corporativa sólida que garanta uma abordagem justa para todos os acionistas.


Antes de investir em uma empresa, é fundamental avaliar questões como o direito de tag along, poisson pills e outras estruturas de proteção aos acionistas minoritários.


Esse mecanismo oferece proteção aos acionistas minoritários, garantindo que eles recebam pelo menos o mesmo valor que os controladores majoritários em caso de venda da empresa.


O caso da Eletromídia é um lembrete contundente de que a governança corporativa não deve ser negligenciada por investidores e reguladores. Ela desempenha um papel crucial na proteção dos direitos e interesses dos acionistas minoritários, garantindo transparência e justiça nas operações corporativas.


Que lição podemos tirar do caso da Globo e Eletromídia?

Aqui está a lição: antes de investir, avalie cuidadosamente a estrutura de governança de uma empresa.


Isso pode fazer toda a diferença na proteção de seus investimentos e na preservação de seus direitos como acionista.



Nota: Os números e informações mencionados são baseados em dados disponíveis até setembro de 2023.

quarta-feira, 3 de maio de 2023

Tivemos a honra de ter nosso livro citado na nova série do Primo Rico, sobre dividendos

Ficamos felizes em também ajudar na educação financeira de tantas pessoas. Obrigado pela força, Thiago! 

Veja o que o Primo falou sobre O Investidor em Ações de Dividendos:

Quem tiver interesse, o livro está disponível na Amazon, na versão física ou digital. 


Usuários do #KindleUnlimited também têm acesso ao livro, dentro da assinatura sem pagar mais nada por isso. 

Se por acaso o estoque do livro físico estiver esgotado, basta aguardar um pouco que faremos uma nova impressão - já estamos na 4ª reimpressão. 

Em caso de dúvidas, nos procure em nossas redes sociais:

@FelipePontesPB

@OrleansMartins

sexta-feira, 28 de abril de 2023

 Preparem-se! O futuro da educação está sendo transformado pela inteligência artificial!

Para todos verem: a imagem apresenta um robô resolvendo equações matemática em um quadro de giz. A imagem foi retirada do e-Learning Industry.



Muitas pessoas acreditam que essa tecnologia pode ser prejudicial, ameaçando o emprego de professores e comprometendo o desenvolvimento intelectual dos alunos. Mas eu acredito que a IA pode ser uma grande aliada na educação e temos três tendências que podem revolucionar o setor:

1) Personalização do ensino: esse é um dos maiores desafios para o ensino. Aulas padronizadas para atender a um público amplo não são tão legais e podem gerar desinteresse especialmente daqueles alunos mais criativos e hiperativos (#TDAH como eu, por exemplo). Com o uso da IA poderemos personalizar o ensino, com análise de dados, de forma mais rápida e fácil para atender às necessidades individuais dos alunos (dentro do possível para uma sala de aula).

2) Aprendizado em tempo real: eu tenho estudado umas coisas novas e tenho usado muito o #ChatGPT como se fosse uma espécie de tutor/monitor/professor particular. Tenho conseguido aprender coisas muito mais rápido do que quando eu apenas leio algum material ou vejo vídeos na internet. Não necessariamente as minhas dúvidas estarão nos livros, vídeos ou outros materiais que eu tenha acesso.

3) (Quase)Autodidatismo: com o uso da IA é possível melhorar a experiência de estudar de forma independente, sem estar matriculado num curso formal. Eu gosto muito de estudar sozinho e a AI tem me ajudado bastante. Por exemplo, eu costumo checar quais são os principais assuntos para se estudar sobre determinado assunto e qual seria a literatura mais relevante sobre o tema. Estimular isso nos alunos pode ajudá-los a aprender melhor, dentro do seu próprio ritmo, e também a terem mais responsabilidade pelo seu próprio aprendizado.

Eu acredito que essas tendências de uso da IA na educação ajudarão a melhorar a qualidade do ensino. Os alunos poderão aprender melhor, mais rápido e no seu próprio tempo e os Professores terão mais tempo para focar em coisas mais "pessoais" de experiência que ainda não podemos encontrar na IA.

Logicamente, como em tudo na vida, alguns usuários da IA aplicarão da melhor forma e outros não.

Que tipo de usuário da IA você quer ser e quer que os seus alunos sejam?

Esse texto foi originalmente publicado no meu LinkedIn: clique aqui.


segunda-feira, 17 de abril de 2023

Contexto geral da competição do e-commerce brasileiro com a Shein, Shopee e Alibaba

É difícil comparar especificamente as "gigantes do e-commerce asiático" com as nossas Magazine Luiza, Casas Bahia e Americanas, porque a divulgação de informações das três empresas asiáticas (JD.com; Alibaba/Aliexpress; e Sea Ltd/Shopee) é muito limitada. Não conseguimos saber exatamente quanto das vendas delas são para o Brasil e de quais produtos específicos.


Por outro lado, o porte dos negócios é gigantesco. A receita somada dos últimos 12 meses dessas 3 asiáticas foi de aproximadamente US$ 300 bilhões (dados obtidos pela Economatica), com lucro de aproximadamente US$ 6 bilhões (Economatica) – JD.com e Alibaba ficaram com quase 100% da receita total, sendo a Sea Ltd responsável por apenas 4,3%.


Já aqui no Brasil, as nossas varejistas “semelhantes” às 3 asiáticas comparadas (Magazine Luiza, Via, Americanas, Lojas Renner, Guararapes e Cea Modas) faturaram cerca de US$ 25 bilhões nos últimos 12 meses, com lucro de aproximadamente US$ 105 milhões.


Sabendo disso, foi justo o Governo Lula fechar o cerco com relação às importações de pequeno valor, especialmente vindas das 3 gigantes asiáticas?


Minha opinião será apresentada nas próximas linhas. Mas antes disso, que tal conhecer o meu livro "O Investidor em Ações de Dividendos" em uma outra gigante do e-commerce? Estamos nos aproximando das 500 avaliações. Confere aí no link abaixo:



Desempenho da Shopee, Shein e Alibaba vinha melhorando no Brasil

Em 2021 houve um crescimento de 60% no e-commerce cross-border no Brasil (Nielsen-Ebit com a Bexs Pay), o que daria uma receita aproximada de US$ 8 bilhões. A Shopee ficou com 58% das vendas e a Shein com 21%.


Na divulgação dos resultados de 2022, a Sea Ltd informou aos seus acionistas que a unidade de negócios no Brasil continuou a melhorar significativamente.


A Shein vai numa mesma linha, e alguns analistas têm expectativa de que a empresa deva faturar algo próximo dos US$ 3 bi no Brasil em 2023


Se este faturamento da Shein no Brasil se materializar, só as vendas da Shein Brasil farão com que a Shein possa faturar mais do que a Lojas Renner faturou em 2022 com a empresa toda, e mais do que a soma do faturamento da Guararapes e Cea Modas. Seria também pouco menos da metade do faturamento da Magazine Luiza, Via e Americanas.


É muito dinheiro.


Dumping social: e-commerce asiático e concorrentes informais geram disputa injusta com as varejistas brasileiras

Segundo a Associação Brasileira do Varejo Têxtil, a informalidade no Brasil chega a 35% de tudo o que é vendido e o e-commercer cross-border (especialmente o e-commerce asiático da Shein, Shopee e AliExpress) está se aproximando disso. 


Esse fato é um grande problema, considerando os custos de quem faz tudo certo. Shopee (2º), Shein (3º) e AliExpress (4º) estão entre os 10 e-commerces mais usados no Brasil. 1º Lugar é o Mercado Livre.


Muitos e-commerces são acusados de não usar "boas práticas" trabalhistas, chegando a se aproximar muito, para ser conservador, de práticas análogas à escravidão. Além de não pagarem tributos.


Assim fica inclusive fácil de caracterizar essas empresas que praticam preços muito "competitivos" de praticarem "dumping", que é quando uma empresa pratica preços subnormais, de modo a afastar a concorrência. 


No dumping social, pode-se reduzir os preços de venda, por exemplo, não seguindo as melhores práticas trabalhistas que todas as empresas comuns estão sujeitas, conseguindo reduzir o custo de produção e preço de venda, dado que não costumam pagar adequadamente aos seus trabalhadores.


De fato algo precisava ser feito para limitar esse “dumping social” (por risco de "más práticas" trabalhistas, por exemplo) e com a estimativa de arrecadação do governo com esse aperto na tributação das compras internacionais, talvez consigamos chegar a uma aproximação de expectativa de receitas de algo próximo dos US$ 3 bilhões nessas compras internacionais.


O mundo perfeito seria reduzir os tributos do e-commerce nacional, porém isso é praticamente impossível de acontecer num governo mais gastador.


Impacto da tributação das importações de baixo valor no e-commerce brasileiro

Supondo que 35% das vendas por e-commerce no Brasil é informal e não paga tributos, se eventualmente todas as vendas das “importadoras asiáticas”, como Shein e Shopee, se converterem em vendas para as empresas nacionais, teríamos algo em torno de US$ 2,25 bilhões de vendas vindo para o e-commerce formal do Brasil, com contas conservadoras. 


Considerando que Magazine Luiza tem 5% do market share do e-commerce brasileiro, Via/Casas Bahia e Americanas têm 3%, respectivamente, isso aumentaria as receitas dessas 3 companhias em aproximadamente US$ 112 milhões e US$ 68 milhões, respectivamente.


Isso implica dizer que Magazine Luiza, Via e Americanas teriam potencial de aumentar a sua receita em respectivamente 2%, 1% e 1%, em valores aproximados. As contas foram relativamente conservadoras, deixando claro, no sentido de estimação das vendas das gigantes asiáticas aqui no Brasil, porém pessoalmente eu acredito que tem muita compra por impulso que será perdida e muitas compras de coisas com preços muito baixos também serão perdidas, não sendo absorvidas pelas grandes varejistas brasileiras.


Eu gostaria que nossos políticos melhorassem o cenário de tributação das empresas brasileiras, porém isso não acontecerá num governo de cultura gastadora


Eles tenderão a buscar novas formas de arrecadar tributos. 


Uma pena, mas é o que temos para esse momento. 


Caso queira entender o processo de aproximações dos números que foram usados nesse texto, recomendo estudar sobre "fermização de problemas". Comece pelo vídeo abaixo:


terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

 Nos textos que publiquei no Portal do Bitcoin e no FLJ sobre as "inconsistência contábeis" da Braiscompany Blockchain Solutions chamei atenção ao caso dos investimentos em empresas coligadas que eram superiores aos R$ 40 milhões.


Agora com a contabilidade de 2022 aberta, vemos que o investimento estava em títulos do Banco do Estado de Santa Catarina (BESC) que já passou por intervenção do Banco Central do Brasil, por CPI e em 2009 foi incorporado pelo Banco do Brasil.



Esses títulos provavelmente não valem nada.


Perguntas que precisam ser respondidas:

  • Por que a empresa comprou esses títulos que não valem nada?
  • De quem comprou?
  • Por que comprou?


Perguntas que o Ministério Público da Paraíba, GAECO, Ministério Público Federal e quem mais estiver envolvido nas investigações deverão responder.


Só espero que não tenha envolvimento de políticos...


Outros casos interessantes (clique para saber mais):