O primeiro balanço do setor elétrico que consolida a atividade de  distribuição de energia foi divulgado pela Neoenergia na sexta-feira e  mostra que as novas regras contábeis terão efeito significativo no lucro  das companhias.
  A Neoenergia divulgou seu lucro líquido, ajustado pelas normas  internacionais de contabilidade (IFRS), com uma queda de 3% no ano  passado, ante o ano anterior, e uma redução de 2% no lucro antes da  amortização, juros, impostos e depreciação (Ebtida, na sigla em inglês).  Pelas regras anteriores, o lucro líquido seria 8% maior e o operacional  ficaria 10% acima.
  Um dos principais motivos para esse efeito está no fato de a partir das  novas regras, as empresas distribuidoras não poderem mais contabilizar  os chamados ativos e passivos regulatórios. No caso da Neoenergia, a  empresa tinha cerca de R$ 400 milhões em ativos regulatórios que não  pôde registrar em seu balanço.
  O que acontecia até o ano passado é que as empresas registravam em seu  balanço antecipadamente alguns ativos que apesar de serem considerados  líquidos e certos só são contabilizados pela Agência Nacional de Energia  Elétrica (Aneel) nos reajustes tarifários anuais.
  O presidente da Neoenergia, Marcelo Corrêa, diz que a expectativa era  de que o impacto no Ebtida fosse maior. Ele entende que a partir de  agora esse efeito será facilmente absorvido. "Se fosse em 2003 quando  todas as distribuidoras tinham ativos regulatórios gigantes por causa do  racionamento, aí sim o impacto seria preocupante", diz Corrêa.
  O efeito no Ebtida é diretamente ligado à queda na receita líquida  entre um regime contábil outro. Se comparado o ano de 2009 pela regra  antiga e pela regra já ajustado a apuração da receita líquida da  companhia cai quase 20%. Isso se deve a realocação de despesas.
  Outro efeito interessante das novas regras contábeis é que a partir de  agora as empresas de distribuição não podem mais registrar os ativos da  concessão como imobilizado, já que eles pertencem ao governo federal. O  ativo imobilizado foi substituído por duas contas: o ativo intangível e  pelo valor de indenização por investimentos realizados ao final da  concessão. No caso das distribuidoras da Neoenergia, esse valor de  indenização chega a R$ 700 milhões.
  Mesmo com os ajustes, a Neoenergia registrou um lucro de R$ 1,77  bilhão. O conselho de administração ainda não decidiu o percentual que  vai distribuir entre seus acionistas (Iberdrola e Previ). "Começamos com  um lucro de R$ 50 milhões em 2001", diz Corrêa. A empresa tem por praxe  distribuir cerca de 35% de seu resultado e o restante é guardado em uma  conta do patrimônio líquido chamada reserva de retenção de lucros. Essa  conta que estava em R$ 4 bilhões no ano passado chegou agora a R$ 4,8  bilhões. A reserva melhora o patrimônio e dá maior capacidade para a  empresa para comprar ativos que queira.
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