Contabilidade : Empresas poderão manter regras anteriores na elaboração dos balanços. 
Denise Carvalho e Fernando Torres | De São Paulo
As auditorias chegaram a um consenso e não devem fazer ressalvas nos  balanços das incorporadoras imobiliárias brasileiras que ainda adotarem  as regras de contabilidade antigas para registrar no balanço o  reconhecimento de receitas de vendas de imóveis na planta. Esse é um dos  últimos temas de polêmica envolvendo a adoção do padrão internacional  de contabilidade, o IFRS, pelo Brasil.
Segundo apurou a reportagem do Valor, as firmas tiveram pelo menos  quatro encontros com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) desde  dezembro até que, no último deles, realizado há cerca de dez dias,  fecharam questão sobre o assunto.
Isso quer dizer que as auditorias vão dar parecer "limpo" - que  significa em conformidade com a lei - para as incorporadoras que  apresentarem seus números no chamado método POC (sigla em inglês do  termo Percentage of Conclusion).
Por esse critério, as empresas imobiliárias reconhecem a receita de  venda de imóveis residenciais de acordo com o percentual de andamento da  obras.
Na prática, o consenso "permite" às auditorias contrariar o  entendimento mais comum sobre o modelo contábil internacional IFRS, que  passou a ser obrigatório no Brasil nos balanços referentes a 2010 e que  são divulgados agora. No padrão IFRS, as incorporadoras costumam  reconhecer a receita da venda de um imóvel toda de uma vez, no momento  da entrega das chaves.
Conforme pessoas a par das reuniões que levaram as auditorias e a CVM a  um consenso sobre os pareces, em vez de afirmar que os demonstrativos  desobedecem os padrões do IFRS, conforme determinação do Conselho de  Normas Internacionais de Contabilidade (Iasb), os auditores afirmarão  que as normas seguem o IFRS, de acordo com as regras do Comitê de  Pronunciamentos Contábeis.
Traduzindo ao pé da letra, o consenso deve evitar o desgaste das  auditorias com os clientes, por conta de ressalvas, e com a CVM, que  permitiu às incorporadoras usar o padrão POC (perecentage of conclusion).
Durante todo o ano de 2010, as incorporadoras imobiliárias brasileiras  pressionaram os agentes reguladores para que a publicação dos balanços  seguindo o padrão IFRS fosse prorrogada ou que as regras contábeis  fossem mantidas. Venceu a segunda opção.
O que está por trás da resistências das incorporadoras em adotar o  reconhecimento da receita nas chaves é o impacto que as novas regras  provocariam nos seus resultados. Segundo estudo feito pelo banco Credit  Suisse, em outubro de 2010, o percentual de queda nos resultados das  empresas variaria entre 21% e 33% sobre as previsões do banco para 2011.  O declínio médio seria de 28%.
Fonte: Valor econômico 
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