A nova forma de contabilização de ativos e passivos regulatórios das  distribuidoras de energia, estabelecidas dentro das novas normas  contábeis internacionais, afetou fortemente os resultados da CPFL,  anunciados ontem. 
O lucro líquido do quarto trimestre caiu 33%  em relação ao ano anterior, já ajustado às normas internacionais (IFRS).  Se levado em conta a demonstração anual, a queda é de 7,6%. 
Hoje,  a Cemig divulga resultados e a estatal mineira deve ser uma das  elétricas mais afetadas pelas novas regras contábeis. A empresa já  divulgou que os números de 2009 terão que ser ajustados em quase R$ 1  bilhão só por conta de passivos regulatórios. A questão continua  controversa e existe a expectativa de que mundialmente se decida para  que as empresas a partir de 2012 possam voltar ao padrão anterior. 
O  presidente da CPFL, Wilson Ferreira Junior, diz que a nova medida deixa  o balanço bastante volátil já que a empresa gasta efetivamente em um  ano e só poderá fazer essa contabilidade no ano seguinte. "Lutamos tanto  pela CVA e agora a nova forma de contabilização acaba com ela", diz  Ferreira. 
Na regulação do setor elétrico, a CVA registra a  variação de itens da chamada parcela A das tarifas de energia. Essa  parcela A leva em consideração o que as distribuidoras gastam com compra  de energia, investimentos e operação da empresa e esses valores são  repassados ao consumidor. No meio do caminho, algumas contas sofrem  alterações em função de algumas variáveis, como o dólar, por exemplo,  que afeta os preços da energia de Itaipu. Em 2008, com a crise  internacional o dólar subiu e deixou a energia de Itaipu mais cara. Os  consumidores, entretanto, só pagaram essa conta nos reajustes anuais de  tarifa. Logo, até o período de reajustes estes recursos saíram do caixa  das empresas.
Mais de R$ 500 milhões em passivos regulatórios  foram contabilizados em 2009 pela CPFL e por isso os números foram  afetados. Mas o lucro líquido da companhia em 2010 ficou muito parecido  tanto em IFRS quanto nas regras contábeis antigas. No ano foi de R$ 1,5  bilhão. Mesmo no padrão antigo, o resultado da CPFL caiu no quarto  trimestre em função do uso de créditos fiscais do ano anterior que deram  ganhos não-recorrentes.
O mercado consumidor na área de  concessão da CPFL cresceu no ano de 2010 cerca de 7%, impulsionado  principalmente pelos consumidores livres. No último trimestre o  crescimento arrefeceu, entretanto, ficando em 5,5%. Com mercado  crescendo, a receita líquida da empresa subiu nas duas formas de  contabilização. Pelo padrão IFRS a receita chegou a R$ 12 bilhões, com  alta de 6%. No padrão anterior, era de R$ 10,9 bilhões e alta de 3,7%. A  grande diferença está na receita de construção de usinas hidrelétricas  que agora são antecipadas mas não geram efeitos nem capacidade de  geração de caixa, nem no lucro da empresa. 
Outra novidade no  balanço da CPFL foi a consolidação do resultado da Ceran, projeto de  hidrelétricas no Sul do país. A empresa tem sócios nesse empreendimento,  mas como é majoritária pode consolidar 100% do resultado. Esse é um  aspecto polêmico e que pode também afetar o resultado da Cemig, que  comprou recentemente Light e Terna.
As ações da CPFL caíram  ontem, ficando abaixo de R$ 45,00. Mas em 12 meses, a valorização é de  29%. Com o papel tão valorizado, a empresa pretende fazer dobrar o  número de ações e reduzir valor de cada papel para atrair investidores  pessoas físicas. Além disso, fará grupamento para reduzir em 42 mil o  número de acionistas da empresa, que hoje tem apenas frações de ação.
Fonte: Valor Econômico
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