Em 2010, foram oito páginas de demonstrações financeiras publicadas no  Diário Oficial do Estado de São Paulo e outras quatro e meia veiculadas  no jornal paulista Diário do Comércio referentes ao exercício 2009. Este  ano, o espaço ocupado pelo balanço da Duratex dobrou nos dois jornais:  16,5 e 9 páginas, respectivamente. Os custos de veiculação do material  subiram 117%, para R$ 495 mil. Por trás da mudança de patamar dos gastos  está uma novidade chamada International Financial Reporting Standards  (IFRS). O padrão internacional de contabilidade, traduzido no Brasil  pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) e regulamentado pela CVM,  passou a ser adotado integralmente a partir dos balanços encerrados em  2010. Gerou documentos mais robustos quando se trata de prestar  informações e justificar a mensuração de ativos e passivos. Mas também  mais extensos e caros na hora de publicá-los na imprensa. 
Na  Duratex, dois itens em especial consumiram mais tinta e papel. Para  fabricar pisos laminados de madeira, uma de suas principais linhas de  negócio, a companhia mantém florestas. Classificadas como ativos  biológicos, as plantações de pinheiros e eucaliptos passaram a ser  contabilizadas por seu valor justo no momento da colheita descontado do  custo de produção, como manda o pronunciamento CPC 29, e não mais  simplesmente pelo custo. A companhia teve de apresentar todos os  critérios e premissas adotados no novo método de calcular o valor das  florestas, inchando a seção de “notas explicativas”. A incorporação da  Duratex pela Satipel (que passou a levar o nome da primeira), feita em  2009, também exigiu explicações detalhadas sobre o valor justo de todos  os ativos adquiridos e sobre o ágio pago por expectativa de  rentabilidade futura (o chamado goodwill). 
Outra que dobrou as  despesas com publicidade legal foi a Eucatex, do mesmo setor de atuação  da Duratex. Seu balanço saiu da média de duas páginas de jornal até o  exercício 2009 para quatro, no último ano. Na Luz Publicidade, a maior  agência do ramo, a projeção é de que os balanços relativos a 2010  preencham, em média, 20% mais espaço nos jornais. O mesmo percentual é  previsto pela agência Pefran. 
Previsões à parte, o incremento da  extensão dos balanços é evidente. No dia 29 de março, o jornal Valor  Econômico, um dos mais usados pelas companhias abertas para a divulgação  de demonstrações financeiras, circulou com uma edição de 316 páginas,  das quais 274 eram de publicidade. Essa foi a maior edição já publicada  pelo veículo. 
A marca anterior era de um total de 284 páginas, de  fevereiro do ano passado. “Esse recorde deve-se exclusivamente à  publicação dos balanços e ao aumento de suas páginas em função dos  IFRS”, confirma Andréa Flores da Silva, diretora de publicidade legal e  mercado de capitais do Valor.
Fonte: Capital Aberto in Blogabilidade
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