Essa semana a organização do Congresso USP disponibilizou os artigos aprovados em seu site, para que possamos ter acesso de forma antecipada, de modo a contribuir com os trabalhos nos debates.
Seguem os artigos nos quais os autores do blog têm alguma participação, com um brevíssimo resumo (em palavras traduzidas da burocrática linguagem "científica" para o português padrão). Para acessar o trabalho completo, o interessado deve clicar no título do artigo:
1. O Lado B do Insider Trading: Relevância, Tempestividade e Influência do Cargo:
Os autores desse artigo são: Luiz Felipe de A. Pontes Girão (eu), Orleans Silva Martins e Edilson Paulo. Ambos Professores do Departamento de Finanças e Contabilidade da UFPB. Orleans é Professor do Programa de Pós-Graduação em Administração e Edilson do de Contabilidade.
Esse artigo traz à tona o "lado B do insider trading", lado que é um pouco esquecido pelas pessoas e, me parece, principalmente pelo órgão regulador do nosso mercado de capitais (a CVM). Quero deixar claro que nós não estamos estimulando a utilização (ilegal) de informações privadas, todavia nós pressupomos que a negociação de ações por insiders (pessoas de dentro da empresa que podem ter acesso a informações privilegiadas) ocorrem e podem ocorrer legalmente ou ilegalmente. O problema da negociação legal dos insiders é que nós, os outsiders (pessoas que estão fora da empresa, como investidores, credores etc), só sabemos dessas negociações com muitas semanas de atraso. Então esse artigo critica a regulamentação dada pela Instrução CVM 358 e mostra algumas evidências, através de um experimento, que isso realmente é um problema para o mercado de capitais, pois as negociações dos insiders parecem ser importantes para os investidores.
2. Relações Entre o Desempenho Futuro e os Desvios do Caixa-Meta das Empresas Brasileiras:
Os autores desse artigo são: Vinícius Gomes Martins, Luiz Felipe de A. Pontes Girão (eu) e Ivan Ricardo Gartner. Eu e Vinícius somos Professores do Departamento
de Finanças e Contabilidade da UFPB, Vinícius também é Professor do Unipê Business School e Ivan Gartner é Professor Titular da Universidade de Brasília, onde também é Professor do Programa de
Pós-Graduação em Administração.
Muitas pessoas acreditam que ter caixa de mais (caixa sobrando), ou seja, caixa acima do "caixa-meta" é uma coisa boa, pois não terão preocupação com não ter dinheiro para pagar as contas. Todavia, caixa demais gera diversos problemas como custo de oportunidade (ter dinheiro parado em conta corrente, por exemplo gera perda de pelo menos a rentabilidade que você teria se deixasse o dinheiro aplicado em algum investimento). Além desse custo de oportunidade, os gestores podem utilizar o caixa sobrando para consumir algumas regalias, a exemplo de secretário exclusivo para ele, carros e escritórios de luxo, viagens em primeira classe e outros itens que não criam valor para os donos do capital. Por outro lado, o caixa abaixo da meta pode colocar a empresa em maus lençóis, por causa da dificuldade de arcar com suas obrigações com credores.
Dessa forma, esse artigo buscou analisar o impacto dos desvios do "caixa-meta" no desempenho das empresas brasileiras de capital aberto, pela facilidade que temos em coletar dados, porém a teoria utilizada serve para as demais empresas. E, de fato, foram encontradas algumas evidências que corroboram a teoria de que os desvios do caixa-meta afetam o desempenho da empresa.
3. Previsão da Arrecadação do ICMS: Uso do Modelo Holt-Winters Aditivo na Paraíba:
Os autores desse artigo são: Filipe Duarte, Maysa Franciely e Luiz Felipe de A.
Pontes Girão. Filipe e Maysa são alunos do curso de Ciências Atuariais da UFPB. Eles foram meus alunos nas disciplinas de Finanças Aplicadas I, II e III, além de Contabilidade IV. Esse artigo foi um trabalho realizado durante a disciplina de Finanças III.
De forma geral, os autores buscaram aplicar um modelo de previsão com séries temporais para prever o ICMS do estado da Paraíba. Esse trabalho busca se mostrar relevante, pois a gestão pública (não falando da Paraíba especificamente, mas de forma geral) é sempre criticada por diversos órgãos e pessoas por ser ineficiente. Então uma ferramenta que possa auxiliar na previsão da receita é importante, de modo a elaborar um orçamento que seja realmente uma ferramenta de auxílio da gestão e auxílio dos eleitores no hora analisar o desempenho dos seus representantes. O modelo apresentou previsões muito próximas da realidade, porém não foram estatisticamente significativas a 5%, todavia ressaltasse que as previsões foram bem próximas, o que poderia auxiliar a gestão pública no processo orçamentário, bem como outras pesquisas a desenvolverem modelos que se aproximem mais da realidade.
Os demais artigos do congresso podem ser acessados aqui. Agora vamos nos preparar para as apresentações e torcer para que tenhamos boas contribuições.
sexta-feira, 4 de julho de 2014
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Luiz Felipe de Araújo Pontes Girão
Doutor em Contabilidade.
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