Mas antes de pensar nisso, eu sempre me questionava: por que os artigos dos EUA, Europa e até de países que estão no "mesmo nível" que o Brasil são tão melhores que os nossos artigos, em média?! Por que, em média, nós apenas replicamos os europeus e estadounidenses? Por quê?!
Tenho pensado em algumas possíveis respostas para esse meu questionamento. Segue o embasamento:
- Não há debate nos congressos - com raríssimas exceções. Um exemplo da exceção é o Congresso da ANPCONT que eu fui ano passado e gostei muito, com diversos pesquisadores dando contribuições muito boas às pesquisas alheias. Outros congressos nós não encontramos professores e pesquisadores, apenas pós-graduandos e graduandos, e também não encontramos muita participação (eu apresentei um artigo em uma das últimas sessões de um congresso e na sala só tinha eu, o grupo de pesquisa do qual eu faço parte, o debatedor e dois ou três profissionais do mercado). Uma outra decepção que eu tive foi em um congresso virtual (a ideia é muito boa: um congresso virtual!! Como ninguém pensou nisso antes?!!?), pois quase não havia participação no debate e eu esperava que houvesse, por ser virtual.
- Os congressos apenas aceitam artigos inéditos. Sobre isso, felizmente, o Congresso da USP está tentando dirimir esse problema. Esse é um problema gravíssimo, uma vez que se você tiver outras ideias para melhorar o seu trabalho, você terá que submeter direto a um periódico (o artigo inicial) e escrever um outro artigo depois. Isso também nos impede de usar a SSRN para captar colaborações de pesquisadores interessados em nosso tema de pesquisa (uma vez submeti um artigo a uma revista e por ter sido apresentado em congresso o avaliador [SIC!!] disse que não era original, imagine na SSRN). Essa é uma falha gravíssima dos nossos congressos e que poderia ser ajustada facilmente. Nos congressos internacionais você pode submeter seu artigo mais de uma vez, isso faz com que a qualidade da pesquisa aumente. Felizmente temos a USP aqui no Brasil (e a FUCAPE, se não me engano também faz isso, até há mais tempo).
- O debate entre o autor e o revisor é muito restrito. As revistas deveriam ter uma espécie de chat para que pudéssemos nos comunicar com os revisores. Isso melhoraria a qualidade da pesquisa e ainda aceleraria o processo de publicação. Mas reconheço que essa é um pouco mais difícil de ser implantada.
- Não há debate entre os autores e outros pesquisadores da mesma área. Isso acontece com uma certa frequência nos journals mais relevantes do mundo. O autor submete seu artigo, ele é aprovado. Até aí o funcionamento é normal. O que acontece após isso é o que eu acho muito interessante. Alguém lê o seu artigo e escreve um outro artigo, como se fosse um debate, porém esse artigo é bem curto (e.g. umas seis páginas) e irá tecer algumas críticas e questionamentos sobre o seu artigo já aprovado. Após isso, o autor do artigo original tem a oportunidade de responder ao seu debatedor. Isso é muito interessante e a partir da leitura desse debate você poderá pensar em vários outros problemas de pesquisa, de modo a complementar a pesquisa original. Todos os três artigos são publicados na mesma edição do journal.
Observação: não sei como funciona nas outras áreas, falo apenas da minha.
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