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sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Custos de agência na coautoria de artigos

Veronica Santana (aluna do doutorado da USP) compartilhou recentemente um trecho do famoso artigo de Jensen e Meckling, onde alguém cravou na história da pesquisa em finanças uma indireta para algum coautor "enrolado" ou "enrolão".

Segue a imagem, abaixo, do que pode ser um dos primeiros trolls da história acadêmica. Muito ousados!


Para ver mais sobre a Teoria da Agência aqui no blog, clique nos links abaixo:



Saiba mais sobre o assunto também aqui:

A influência da governança corporativa na vida cotidiana é muitas vezes subestimada, mas um exemplo claro pode ser observado no caso da Americanas S.A., que enfrentou um escândalo contábil de grandes proporções. A falta de controles internos eficazes e a existência de incentivos distorcidos permitiram que a empresa ocultasse débitos bilionários, gerando prejuízos expressivos para acionistas e investidores. Esse episódio ilustra como falhas na governança corporativa e a assimetria de informações podem impactar diretamente o mercado financeiro e a vida de milhares de pessoas.

A governança corporativa refere-se ao conjunto de mecanismos, processos e relações pelos quais as corporações são controladas e dirigidas. Incentivos e assimetrias informacionais estão no cerne das discussões sobre a efetividade desses mecanismos, especialmente em ambientes onde as práticas contábeis e os interesses dos gestores podem conflitar com os interesses dos acionistas.

O objetivo deste paper é explicar os principais conceitos de governança corporativa, abordando como os incentivos e as informações assimétricas afetam as decisões empresariais e a eficácia desses mecanismos. O foco estará em exemplos práticos e didáticos que ajudem alunos de graduação a compreender a relevância desse tema para o mercado financeiro e a gestão empresarial.

2. Desenvolvimento

2.1. Teoria da Governança Corporativa e Informação Assimétrica

A governança corporativa surge como uma resposta à chamada "Teoria da Agência" (Jensen & Meckling, 1976), que descreve o conflito de interesses inerente entre acionistas (principais) e gestores (agentes). Enquanto os acionistas visam maximizar o valor da empresa, gestores podem perseguir interesses pessoais, especialmente se forem incentivados por metas inadequadas ou não enfrentarem mecanismos eficazes de controle.

A informação assimétrica ocorre quando uma das partes em uma transação possui mais informação relevante que a outra. Em ambientes empresariais, gestores geralmente detêm mais informações sobre o real estado financeiro da empresa do que acionistas e investidores, permitindo a manipulação contábil e outras práticas antiéticas.

2.2. Evidências Científicas

Pesquisas seminais, como as de Shleifer e Vishny (1997), destacam que países com instituições financeiras robustas e regulação forte tendem a mitigar melhor os efeitos negativos da informação assimétrica. Nos EUA, por exemplo, a SEC (Securities and Exchange Commission) impõe normas rígidas para divulgação de informações financeiras, reduzindo os incentivos à manipulação contábil.

Em mercados emergentes, como o Brasil, a assimetria informacional é mais pronunciada. Estudos de La Porta et al. (1998) apontam que países com menor proteção legal aos investidores enfrentam maiores desafios para controlar desvios comportamentais dos gestores, prejudicando a alocação eficiente de recursos.

2.3. Incentivos e Mecanismos de Controle

Os mecanismos de controle são fundamentais para reduzir os efeitos negativos da informação assimétrica e alinhar os interesses dos gestores aos dos acionistas. Entre os principais mecanismos estão:

  • Conselhos de Administração: A presença de membros independentes melhora a fiscalização das decisões empresariais.
  • Auditorias Externas: Exigem a revisão independente das demonstrações financeiras, elevando a transparência.
  • Remuneração por Performance: Estruturada adequadamente, essa prática pode alinhar os interesses da gestão aos objetivos de longo prazo dos acionistas.

2.4. Aplicações Práticas

Diversos casos ilustram como a governança corporativa pode impactar diretamente os resultados empresariais. O caso da Petrobras, por exemplo, destacou como interferências políticas e falta de transparência resultaram em decisões empresariais que impactaram negativamente os acionistas. Em contrapartida, empresas como Itaú e Banco do Brasil implementaram práticas sólidas de governança que ajudaram a preservar valor para os investidores mesmo em cenários adversos.

3. Considerações Finais

Este paper atingiu seu objetivo ao explicar como os mecanismos de governança corporativa, combinados com sistemas de incentivos adequados e medidas para reduzir a informação assimétrica, podem proteger os interesses dos acionistas e melhorar a gestão empresarial.

O futuro do estudo desse tema tende a explorar mais profundamente o impacto da tecnologia na transparência corporativa, incluindo o uso de blockchain para auditorias e a adoção de práticas mais transparentes na divulgação de informações financeiras.

Referências

  • Jensen, M.C., & Meckling, W.H. (1976). Theory of the Firm: Managerial Behavior, Agency Costs and Ownership Structure. Journal of Financial Economics, 3(4), 305-360.
  • Shleifer, A., & Vishny, R. W. (1997). A Survey of Corporate Governance. Journal of Finance, 52(2), 737-783.
  • La Porta, R., Lopez-de-Silanes, F., Shleifer, A., & Vishny, R. W. (1998). Law and Finance. Journal of Political Economy, 106(6), 1113-1155.

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