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quinta-feira, 17 de março de 2016

[REVIEW] A interpretação das demonstrações financeiras, por Benjamin Graham e Spencer Meredith

Não costumo fazer reviews dos livros e artigos que eu leio, ou filmes que assisto, mas geralmente eles me levam a fazer alguns posts específicos, a exemplo que estão listados:






Entre outros.

Dessa vez eu resolvi fazer, pois estou ministrando Finanças I e estamos iniciando as aulas em laboratório, em que os alunos precisam escolher algumas ações para investir, por meio do simulador.

Acho que a review desse livro será muito útil para eles.




Então vamos lá!






UMA VISÃO GERAL

Ontem (na verdade, na terça-feira) eu resolvi ler "A interpretação das demonstrações financeiras", que é o segundo livro do famoso Benjamin Graham. Comprei este livro ano passado, mas até agora não tinha parado para lê-lo. O livro é bem pequeno, tem apenas 128 pequenas páginas bem espaçadas.

O livro é dividido em 3 partes: I balanços patrimoniais e demonstrações do resultado, II análise das demonstrações financeiras de uma empresa, por meio de índices, e III definições de expressões e termos financeiros (é uma espécie de dicionário).

A parte I é dividida em 30 capítulos!!  Mas não se assuste. São 30 capítulos para menos de 128 pequenas páginas, implicando em capítulos com menos de 1 página completa. O maior capítulo deve ter umas 3 páginas. 

Esses capítulos da parte I explicam conceitos básicos, mas importantes, das demonstrações financeiras, a exemplo de débitos e créditos, ativos intangíveis, despesas antecipadas etc. Conceitos básicos para estudantes de contabilidade, mas que são importantes para qualquer investidor (seja em ações de grandes corporations, ou dono de uma pequena empresa local).

É importante ressaltar que a linguagem (apesar de terem dito no livro que ela foi atualizada, pois ele foi escrito na década de 1930) é bem peculiar e antiga. Mas nada que dificulte o entendimento. É importante também que o leitor tenha cuidado com coisas específicas da normatização contábil dos EUA, que podem ser diferentes da normatização contábil brasileira.






TRECHOS DE DESTAQUE

Apesar de focar na análise das demonstrações financeiras (que mostram o passado da empresa), os autores têm o cuidado de deixar claro que não devemos nos limitar ao passado quando estivermos lendo os relatórios financeiros. Esse cuidado deve ser ainda maior quando estamos falando de selecionar ações com base em informações passadas (p.91):

(...) Não bastará analisar o passado, por mais cuidadosamente que isso seja feito, podendo, inclusive, causar mais prejuízos do que benefícios. A seleção de ações é uma arte, já que oferece grandes recompensas pelo sucesso. Ela requer um delicado equilíbrio mental entre os fatos do passado e as possibilidades do futuro.

Na página seguinte, os autores enfatizam isso, mostrando a importância de outros fundamentos externos às empresas:

No entanto, há outros fatores fora do controle empresarial que são, talvez, igualmente importantes em sua influência sobre o valor dos títulos. A situação da indústria como um todo, as condições gerais de negócios e do mercado de títulos, os períodos de inflação ou recessão, as influências artificiais sobre o mercado, o favorecimento do público em relação o tipo do título, são fatores que não podem ser mensurados em termos de coeficientes e margens de segurança exatos. Eles só podem ser julgados com base em um conhecimento geral obtido pelo constante contato com informações financeiras e de negócios.

Acrescentando a isso, recomendo a leitura desse post, em um interessante blog de um investidor. Ele fala sobre como se prepara "informacionalmente" para seus trades.

Sobre a disciplina em seguir a estratégia, os autores trazem o seguinte (p.94):

O investidor que compra títulos quando o preço de mercado parece baixo com base nas declarações da empresa (SIC) e que os vende quando seu preço parece alto de acordo com o mesmo critério, provavelmente, não obterá lucros espetaculares. Entretanto, poderá evitar perdas igualmente espetaculares e mais frequentes. Ele deve, ainda, ter chances acima da média de colher resultados satisfatórios - e esse é o principal objetivo do investidor inteligente.

Isso reflete bem o que eu sempre falo aos meus alunos. Ninguém ficará rico na bolsa. Na verdade, alguns podem até ficar, mas a chance é mínima. O que pode acontecer, é você alavancar muito sua capacidade de gerar mais fluxos de caixa pelo poder de capitalização. Mas rico, rico mesmo, é pouco provável, pelo menos no curto prazo. Assim, é preciso ser um investidor inteligente (um dia farei uma review desse livro também): ter disciplina e seguir a estratégia. É melhor ganhar pouco várias vezes do que perder muito, poucas vezes.



NÍVEL DE PROFUNDIDADE/ACESSIBILIDADE

O livro tem uma leitura muito fácil. Você não ficará travando sem entender alguma coisa. Ele é realmente muito básico. Uma espécie de análise de balanços para não contadores em poucas horas.

Por este motivo, não espere muita profundidade nos temas que são discutidos.





A QUEM É INDICADO?

Aos interessados em começar a investir em ações e a entender como interpretar as demonstrações financeiras das empresas. Nada muito além disso.

VALE À PENA?

É uma leitura legal, bem simples. Para quem não tem nenhum conhecimento sobre contabilidade e análise das demonstrações financeiras (ressaltando que ele só trata do Balanço Patrimonial e da DRE)... vá em frente. Compre e leia o livro!




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