Opções Reais: Introdução à Análise da Flexibilidade do CAPEX

Estou participando de um processo seletivo para professor na USP. Terça foi a prova escrita, quarta passei pela entrevista, e hoje, sexta-feira, será a prova didática. 

O tema que sortearam para minha aula foi “Opções Reais”, e, para aproximar a prova didática ainda mais da experiência real de aula, decidi fazer o que costumava fazer quando ainda dava aula na UFPB: enviar um material breve para que os alunos possam chegar à aula com alguma noção do que vamos discutir.

O texto abaixo é uma introdução super direta sobre o tema da nossa aula. Sugiro fortemente que leiam com atenção - vai nos ajudar muito a avançar mais rápido amanhã e tornar a discussão bem mais rica.

Vamos juntos?

Introdução às Opções Reais: uma aplicação simples e prática

Imagine que sua empresa está considerando investir R$ 1 milhão em uma nova linha de produção. A análise tradicional mostra um Valor Presente Líquido (VPL) negativo: o projeto, da forma como está hoje, não compensa.

Mas e se a empresa não precisar decidir tudo agora? Suponha que ela possa investir apenas R$ 100 mil hoje para fazer um teste com um único equipamento e, só daqui a um ano, decidir se vai investir o restante. Esse tipo de decisão flexível muda tudo.

A possibilidade de adiar, expandir, reduzir ou abandonar projetos representa um valor que o VPL tradicional não capta. Esse valor é o que chamamos de opção real.

No exemplo acima, ao fazer o teste com uma única máquina, a empresa pode observar o comportamento do mercado por um ano. Se a demanda se mostrar forte, ela decide investir o restante. Se a demanda for fraca, ela evita um prejuízo maior. Essa flexibilidade tem valor – e pode ser estimada com técnicas similares às usadas em opções financeiras.

As opções reais são especialmente úteis em setores com alta incerteza, como tecnologia, mineração, energia ou telecomunicações – e ajudam empresas a tomar decisões mais inteligentes, considerando que o futuro é incerto e que as decisões podem ser ajustadas ao longo do tempo.

Algumas referências básicas sobre o assunto:

Benninga, S., & Mofkadi, T. (2008). Financial modeling, 5e.

Trigeorgis, L. (1996). Real options: Managerial flexibility and strategy in resource allocation. MIT press.