Na última quarta-feira um dos meus orientandos de PIBIC resolveu virar blogueiro e publicar uma análise sua comparando o uso de bicicleta ou ônibus para deslocamento em João Pessoa, com base em sua experiência pessoal.
Programei o post para hoje por causa das postagens do caso da JBS que fiz nas últimas semanas, mas aí está:
Post escrito por Glauco Graco Nóbrega Pordeus.
Programei o post para hoje por causa das postagens do caso da JBS que fiz nas últimas semanas, mas aí está:
Post escrito por Glauco Graco Nóbrega Pordeus.
Inspirado pelo nobre Felipe Pontes, e sua astúcia em partilhar o que pensa e estuda, me veio a vontade de fazer uma aplicação simples de uma avaliação de investimento em mobilidade urbana. Tomei como exemplo a troca de veículo urbano de ônibus para uma bicicleta.
Esta simulação foi desenvolvida pensando em dois tipos de indivíduos, um trabalhador com salário mínimo (R$ 979,00 em 2018) e sem meia passagem, e um estudante bolsista (R$ 400,00) com meia passagem.
O experimento foi feito de acordo com as seguintes premissas:
1) A passagem de ônibus é R$ 3,20, e ambos os tipos de indivíduos pegam dois ônibus ao dia;
2) Tanto a renda quanto o preço do transporte público não irão inflacionar;
3) A redução de custo provido pela mudança de transporte será destinada para uma aplicação no Tesouro IPCA + 2024 (4,54% a.a. / 0,37% a.m.), sendo resgatado apenas no seu vencimento;
4) O novo meio de mobilidade será usado por quatro anos, após este período os aportes no Tesouro serão paralisados;
5) Foi considerado um investimento inicial de R$ 400,00 com a compra de uma bicicleta básica e adotou um custo com manutenção de R$ 100,00 ao ano. Assim o capital total investido ao longo dos quatro anos será de R$ 800,00; e
6) Foi considerado o mês como tendo 20 dias úteis, para o critério da passagem.
Após quatro anos, a renda acumulada por meio da destinação dos gastos com ônibus para o Tesouro IPCA + 2024 foi bastante significativa.
A tabela abaixo demonstra quanto o ciclista obterá de resultado:
Indicadores de retorno
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Estudante
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Trabalhador
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Total acumulado
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R$ 2.933,77
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R$ 6.781,53
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Renda extra anual
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R$ 733,44
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R$ 1.695,38
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Retorno sobre investimento
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266,7%
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747,7%
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Ganho efetivo de renda anual
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15,28%
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13,32%
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Horas ganhas
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158,91
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304,79
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Dias ganhos
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6,62
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12,70
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Os resultados mostraram que, ao optar pela bicicleta como meio de transporte, o estudante é capaz de obter um ganho de capital de R$ 2.933,77, já o individuo que não é beneficiado pela meia passagem tem um ganho de R$ 6.781,53 no resgate do título, o que demonstra o quanto a economia diária é relevante na perspectiva de longo prazo.
Partindo do montante acumulado, obtivemos retorno sobre o capital investido – ROIC (R$ 800,00) de 266,7% (R$ 733,44 por ano) para estudantes e de 747,7% (R$ 1.695,38 por ano) para indivíduos que não se encaixam na política de meia entrada.
Porém, mesmo que o ROIC do trabalhador tenha sido 2,8x maior que o do estudante, isto não se reflete no ganho efetivo de renda, assumindo que o bolsista recebe 12x a.a. e o trabalhador 13x a.a., a renda extra efetiva, obtida por meio da razão entre a renda extra anual e a renda anual dos indivíduos, o trabalhador tem um ganho efetivo de renda aproximadamente 2% inferior ao estudante, pelo fato da renda mensal do trabalhador ser superior em relação a renda do estudante, quando levamos em conta o custo de transporte.
Por fim, o ponto mais interessante deste estudo: o ganho de horas por ter utilizado a bicicleta como meio de transporte. Este ganho de horas parte do pressuposto de que tempo é dinheiro, ou seja, o tempo que você trabalha em relação ao quanto você ganha.
Por meio do ganho efetivo de capital, foram obtidas as horas (e dias) ganhas, levando em conta que o bolsista trabalha 1.040 horas ao ano e o assalariado 2.288, aplicando as devidas proporções de ganhos efetivos, chegou ao resultado de que: trocar o meio de transporte urbano pode proporcionar ao bolsista e ao trabalhador, 6,62 e 12,7 dias de renda extra, respectivamente.
Ademais, neste breve estudo não foi levado em conta os riscos (roubo, e acidentes) inerente ao uso da bicicleta como meio de transporte urbano, assim como também não foi quantificado o ganho de saúde advindos desta prática, nem mesmo a redução de emissão de poluentes no planeta. Portanto, se limitou apenas aos benefícios financeiros.
Por fim, pode-se afirmar que, efetivamente, a mudança de meio de transporte, de ônibus para a bicicleta, pode ser uma boa escolha para quem deseja ganhar (ou deixar de perder) uma "renda" extra no fim do mês, e o mais importante, tempo livre no futuro.
Além disso, este estudo foi abordado do ponto de vista de ganho, da ótica de quem opta pelo transporte público convencional, pode-se dizer que quem paga passagem inteira te um gasto de R$ 6.781,53 ao longo de 4 anos, o que acarreta em perda de 12,70 dias por ano o mesmo que redução de 13,32% de sua renda anual.
“Quando você deixa de ganhar, na verdade você perde”
(Autor desconhecido)
Comentários de Felipe:
Deve-se levar em conta também a distância para o local onde você está indo. Se você morar muito longe da Faculdade ou trabalho, poderá gastar muito tempo e energia pedalando. O gasto de energia, por outro lado, pode ser bom. Assim você faz o seu exercício, para se manter em forma, a caminho do destino.
Outros casos específicos, como dias de chuva devem ser levados em consideração também.
Eu passei a maior parte do meu ensino médio e Faculdade indo de bicicleta e não me arrependo nada: não gastava passagem, não ficava esperando no ponto do ônibus (perdendo tempo e correndo o risco de ser assaltado) e coisas desse tipo.
Vale à pena pensar nos benefícios!
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