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terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Final do ano é época de pensar no futuro: INVISTA nisso!



Nos últimos dois anos, com a subida da nossa bolsa de valores e redução da taxa de juros no Brasil, o noticiário tem sido recheado de notícias sobre o mercado de ações. Assim, muitas pessoas têm procurado se informar mais sobre esse tipo de investimento, principalmente quando veem o quanto subiram ações como a da Magazine Luiza.

Contudo, as coisas não são tão simples quanto parecem, apesar de também não serem coisas de outro mundo. E, antes de tudo, é preciso ter uma boa educação financeira, para poder poupar algum dinheiro.

Conseguindo poupar dinheiro mensalmente, é a hora de investir. Os investimentos podem ser feitos em diversos produtos, desde os menos arriscados (renda fixa) aos mais arriscados (renda variável) e o investidor pode ele mesmo escolher onde quer investir, ou pode seguir as recomendações de alguém certificado para isso.

Sendo assim, aproveitando o embalo dos planos de final de ano, eu dividi o post em duas partes:
Parte 1: Educação financeira e o início da poupança
Parte 2: Formas de se escolher onde investir

Quem quiser mais detalhes sobre avaliação de empresas para investimentos em ações, recomendo que dê uma olhada no nosso canal do youtube!

EDUCAÇÃO FINANCEIRA E O INÍCIO DA POUPANÇA

Essa primeira seção foi preparada com base numa cartilha de educação financeira da Sala de Ações (cliquem aqui para ter acesso), no livro The Elements of Investing de Burton Malkiel e Charles Ellis e com base na minha experiência no assunto. Agradeço ao meu aluno Bruno Linares Garcia por ter me ajudado com a coleta do material (recomendei até que ele escrevesse um texto próprio e mais completo que o meu para divulgar no blog da Sala de Ações), já que o meu foco principal aqui não é esgotar esse assunto - até porque ele é um tanto quanto "inesgotável".

Existe também muito material bom na internet e muitos canais do YouTube, então não vou gastar muito tempo falando sobre isso. Essa parte do post é bem objetiva, apenas para lembrá-los de que, para investir bem e se aposentar com tranquilidade, é preciso investir hoje!

Na UFPB nós temos diversos projetos relacionados à educação financeira. Eu destaco dois que eu conheço muito bem: a) Sala de Ações que eu já mencionei aqui (eu sou vice-coordenador do projeto, que é coordenado pelo Professor Dr. Sinézio Maia, do Departamento de Economia) e b) Educação Financeira Financeira para Toda a Vida (coordenado pelo Professor Dr. Wenner Lucena, que é meu amigo e colega no Departamento de Finanças e Contabilidade).

Ambos os projetos divulgam materiais muito bons. Recomendo que deem uma olhada nos blogs deles. 

Quem é de João Pessoa ainda tem a opção de marcar uma consulta gratuita no Escritório Financeiro da Sala de Ações para podermos ver como ajustar o orçamento da casa, ou renegociar dívidas, por exemplo. Nossos alunos chegam a ir aos bancos com as pessoas que nos procuram para tentar renegociar a dívida.

Já o Educação Financeira para Toda a Vida faz a divulgação mensal dos supermercados com os melhores preços em João Pessoa e a lista também por produto (onde comprar cada produto mais barato).

Mas vamos às dicas:




1) Na primeira página, logo no início do livro The Elements of Investing, Burton Malkiel e Charles Ellis trazem uma frase vista em um banco: aos poucos você pode fazer uma pequena reserva aqui, mas não até você começar

A primeira dica para poder investir pensando na aposentadoria é QUERER, SER RAZOÁVEL e PERSISTIR!

Poupar dinheiro é como fazer dieta. Quase todo mundo adora comer aquelas comidas gordurosas e que engordam muito, mas é preciso parar um pouco para ter uma vida mais saudável. Não é preciso zerar o consumo de pizza e de pastel, é preciso apenas não ficar comendo isso todo dia de forma exagerada. 

Poupar dinheiro é semelhante. Não precisamos virar aquela pessoa mão de vaca que só gasta o que é extremamente necessário para sobreviver. Contudo, é preciso gastar com planejamento, não se deixar levar pelas emoções e coisas desse tipo.

Algumas pessoas, quando exageram na dieta, e têm contato com aquela vida antiga de pizza, chocolate, pastel, bolo etc voltam a comer exageradamente à moda antiga, pois forçaram tanto a barra que não aguentaram mais. O mesmo pode acontecer se você exagerar na poupança. É sempre saudável sair para jantar, por exemplo, num local mais caro, desde que esteja dentro do que você pode pagar e sem exageros.

Os exageros e a falta de planejamento é que fazem com que as pessoas se endividem ou não consigam poupar. 

Por falar em endividamento, algumas pessoas estão endividadas e nem mesmo sabem como chegaram ao nível de endividamento ou com o que gastaram tanto. A segunda dica é uma ajuda para evitar isso.


2) Eu tenho registro do dinheiro que recebi e do dinheiro que gastei desde 2010, quando eu ainda estava na faculdade. Eu já tinha uma planilha para registro das entradas e saídas de caixa antes disso, mas, infelizmente, perdi os arquivos. 

Ter uma planilha de controle de entradas e saídas de caixa (ou um aplicativo de celular, como já existem muitos no mercado – inclusive temos um na Sala de Ações, o EducaSA) e atualizá-la é um importante passo para não se endividar e para poupar. 

Com o controle que a planilha te dá, você saberá onde está gastando muito, onde pode economizar e até mesmo controlar a sua própria inflação se fizer uma planilha mais detalhada por produtos.

Uma dica específica sobre a planilha: eu sou contador e gosto muito de índices, então eu crio vários índices na planilha, como percentual do salário fixo gasto com diversão, com educação, percentual do salário que foi investido etc.

Eu também gosto de dividir minha planilha em entradas operacionais (basicamente o salário que recebo na UFPB) e entradas não operacionais (basicamente dividendos, juros e outros valores recebidos em investimentos), enquanto que as saídas de recursos são divididas em saídas operacionais fixas e variáveis, saídas de financiamento, saídas de investimentos fixos e variáveis, além de gastos diversos (diversão, presentes, doações, viagens etc).

Tentem isso. Vocês irão se impressionar com as informações que podem tirar dessa planilha.

3) Evite desperdícios! Eu sou aquele tipo de pessoa que sai apagando todas as luzes, tanto em casa, quanto no trabalho. Lá na UFPB as luzes do prédio das salas dos Professores ficam ligadas desde logo cedo de manhã (prefiro acreditar que não é porque deixaram a noite toda ligada), aí eu chego no trabalho e saio apagando todas elas, porque tem um janelão bem grande que faz a luz entrar e iluminar o suficiente. Mas logo, logo alguém liga tudo de novo... e eu saio apagando mais uma vez.

Na cartilha da Sala de Ações vocês podem ter uma ideia de gastos desnecessários que podem ser facilmente evitados: trocar lâmpadas que consomem mais energia por outras que consomem menos energia e não deixar a torneira ligada enquanto escova os dentes são clichês, mas que muita gente ainda não percebeu que está gastando dinheiro à toa com isso.

4) Se você tem várias dívidas, procure transformar em uma só. Em algumas vezes você pode negociar com um banco para ele comprar a sua dívida em outros bancos e ficar com uma dívida só, com prazo mais alongado e até com custo menor, dependendo do caso.

Eu sou um grande entusiasta do cooperativismo de crédito, porém as pessoas ainda veem as cooperativas com um pouco de desconfiança. Muito disso é pela cultura, pois as cooperativas só estão ganhando mais espaço de pouco tempo para cá.

Nas cooperativas você pode ter um custo do empréstimo bem menor e um atendimento muitas vezes melhor do que nos bancos.

Algumas pessoas com quem eu tenho conversado para migrarem para as cooperativas dizem que não o fazem pelo risco, porém as cooperativas talvez sejam até muito mais fiscalizadas do que os bancos normais, pelo risco de imagem que traz ao sistema todo se uma cooperativa quebrar. Elas passam por auditoria interna, auditoria externa, auditoria do banco central, têm conselho fiscal, assembleia etc... como se fossem uma empresa de capital aberto.

E ainda têm o FGCoop: Fundo Garantidor do Cooperativismo. Procure saber mais sobre isso.

5) Nunca “despoupe" e gaste mais do que você pode. No Elements of Investing, em uma das passagens, os autores dizem que o endividamento no cartão de crédito é o crack do mundo financeiro – se entra nele, para sair vai ser preciso muito controle e persistência.

6) Comece com a cultura de poupar e investir logo cedo. O quanto antes! Faça seu filho criar essa cultura logo cedo também. Façam os juros compostos trabalharem ao seu favor e não contra.

Veja a história de Luis Felipe (meu xará) que investe na bolsa desde criança: http://contabilidademq.blogspot.com.br/2017/08/e-possivel-investir-na-bolsa-com-10.html

7) Pequenas dicas: o Elements of Investing tem várias dicas pequenas no primeiro capítulo que valem à pena usar. Selecionei uma que eu uso e acho muito legal. 

A primeira delas é comprar livros usados na Amazon ou em sebos online. Dificilmente eu compro um livro novo. Na Amazon nós encontramos livros em estado perfeito, muitas vezes por CENTAVOS!! Na grande maioria das minhas compras de livros usados, o frete é mais caro do que o próprio livro.

8) Nas dicas para economias maiores, que fazem muita diferença, eu não tive como selecionar uma, então fui nas duas que eu mais gosto.

A primeira delas é evitar comprar carros zero Km. É possível garimpar no mercado de carros usados e comprar veículos seminovos com um desconto que vale muito à pena. 

Para se ter uma ideia, só de tirar o carro da concessionária já se perde em torno de 15% do seu valor!

A segunda delas é investir por meio de locais mais baratos. Geralmente, investir por meio das corretoras dos grandes bancos é muito mais caro e os retornos de alguns investimentos podem ser bem menores.

Além de poder ser mais barato, investir por meio de corretoras independentes pode te dar acesso a investimentos de várias casas diferentes, que não apenas do banco por onde você investe.

Pensem bem e tomem suas decisões!

Agora vamos ver algumas formas de se escolher onde investir (em ações!).

FORMAS DE SE ESCOLHER ONDE INVESTIR



Em geral, existem duas formas de se escolher onde investir: a) você mesmo analisa as empresas ou produtos e investe, ou b) você segue a recomendação de alguém certificado para isso.

Vamos abordar, com dois exemplos, o efeito das escolhas. Ressalto que esta não é uma pesquisa científica que pode ser generalizada.

Peguei dois exemplos de trabalhos desenvolvidos no âmbito da UFPB.

A) Escolhendo a sua própria carteira

Para formar a sua carteira de investimentos, você pode partir de duas escolas gerais: análise fundamentalista ou análise técnica - ou ainda a junção das duas, chamada de fusion analysis.

Na Sala de Ações os alunos são treinados nas duas escolas, porém o foco é a análise fundamentalista.

Como exemplo, eu trouxe duas análises que fizemos:
1) análise que nós fizemos em setembro/2017, evidenciando o efeito de se fazer boas escolhas no mercado de ações. Naquela análise, nós apresentamos um retorno médio anual de 40%, contra 15% do CDI e 14% do IBRX-100; e
2) trouxe também um dos mais novos produtos desenvolvidos na Sala pelos alunos do projeto: Carteira de Dividendos, composta por 5 ações.


EXEMPLO 1: CARTEIRA DE EMPRESAS COM BOM POTENCIAL PARA PAGAMENTO DE DIVIDENDOS 

O texto completo pode ser lido aqui, mas basicamente o que nós fizemos foi selecionar empresas que pagavam dividendos e que não apresentavam prejuízos. Só com esses dois filtros, o retorno médio da carteira foi superior a 30% ao ano.

Incluindo os filtros adicionais, o retorno médio anual passou dos 40%.

O grande ponto, para os investidores iniciantes, é a questão da volatilidade.

É preciso verificar que nesse período analisado, muitos anos apresentaram retornos de -40%, por exemplo. Se o indivíduo acha que vai para a bolsa e vai ficar rico de uma hora para a outra, é preciso estudar mais o mercado para entender que a renda é bem variável.

No final das contas, para um investidor que seguiu (vejam que estou falando no passado e ele não é garantia do futuro) aqueles critérios fundamentalistas apresentados no post de setembro aqui no blog, seu patrimônio seria o seguinte, ao término do período:

Gráfico do post de dezembro


EXEMPLO 2: CARTEIRA DE DIVIDENDOS DA SALA DE AÇÕES
O relatório completo sobre essa carteira já está pronto, faltando apenas algumas revisões para que possa ser publicado no blog da Sala de Ações da UFPB.

Para esta carteira, os alunos utilizaram o ROE, dividend yield, price-to-sales ratio, endividamento, price-to-book, liquidez e payout para a escolha das ações de 2017. Em 2016, quando a carteira foi criada, o critério foi outro e em cada ano é possível que seja diferente porque as novas equipes vão adquirindo o conhecimento já obtido pela equipe anterior.

Percebam que são poucos os índices utilizados, porém é recomendável que se estude também sobre as empresas, de forma mais qualitativa, antes de tomar a decisão de inserir determinada ação na sua carteira.

Considerando uma carteira buy and hold, montada no início de abril do ano de formação da carteira e atualizada no início de abril do ano seguinte, a carteira de dividendos da Sala de Ações acumulou um retorno de 49,98% de abril de 2016 até dezembro de 2017 - contando apenas o ganho de capital

Ressalto que essa é uma estratégia de comprar e segurar empresas que passaram nos seus filtros previamente estabelecidos. É possível retirar e colocar ações durante esse período, porém considerando um investidor mais comum que trabalha o dia inteiro, essa estratégia de buy and hold pode ser mais razoável.

Em comparação, o Índice Bovespa (IBOV) acumulou no mesmo período um retorno de 46,97% e o CDI, que é o principal benchmark para investidores mais iniciantes e de renda fixa, acumulou um retorno de 21,02%.

Ressalta-se que comprar todas as ações do IBOV exige um custo muito alto, pois são mais de 60 ações, enquanto que a carteira de dividendos da Sala de Ações foi composta de 5 ações apenas - pois isso é um projeto de treinamento de alunos.

Considerando uma corretagem de R$ 20,00, o custo da transação seria de R$ 100, enquanto que para comprar o IBOV o custo da transação, sem contar o valor das ações, seria de R$ 1.200,00.

É possível ainda comprar um ETF do IBOV, porém você teria que pagar, além de uma corretagem de R$ 20,00, uma taxa de administração de 0,54% a.a., mas mesmo assim ainda perderia para a carteira mencionada anteriormente.


B) Seguindo os analistas

Outra possibilidade para um indivíduo que queira investir em ações, mas não tem conhecimento, segurança ou tempo para analisar as empresas e acompanhar o mercado, é pagar por relatórios de analistas sell-side e montar sua carteira de investimentos baseado nessas recomendações.

Nós também fizemos essa análise aqui no blog e vocês podem acessar o texto completo clicando aqui.

O gráfico abaixo mostra o desempenho da estratégia apontada no post do último domingo, em que analisamos uma carteira montada pelas ações que tinham mais recomendações de compra por parte dos analistas. Essa estratégia gerou um retorno médio anual de 24%, contra 14% do CDI.

Esse é o gráfico para o investidor que tinha R$ 50.000 em 2001 e estava disposto a pagar R$ 3.000 anuais de custo com relatórios. No texto original há uma análise com um investimento inicial de R$ 10.000 e custo anual de R$ 300. O resultado é qualitativamente semelhante.


Lembro, mais uma vez, que esses ótimos retornos no passado não são nenhuma garantia de retornos ótimos no futuro.

Porém também devemos olhar do mesmo jeito para o CDI. Particularmente, nos próximos anos, não espero que o CDI chegue nem perto do foi nesses anos passados. 


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Finalizando, nas simulações aqui apresentadas, nós tratamos apenas de investimentos em ações, contudo muitas outras opções à renda fixa e poupança, como os fundos imobiliários, para aqueles que gostam de investir em imóveis e não têm dinheiro suficiente para comprar um, ou que não querem ter o trabalho de gerenciar as relações com os inquilinos.

Façam suas escolhas!

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