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quinta-feira, 16 de agosto de 2012

IFRS: muito foi aprendido! Temos muito aprender! (PARTE 3)


Temos muito a aprender!


Contudo, agora é hora de fazermos uma reflexão: aprendemos muito nos últimos anos, mas ainda pecamos em alguns pontos vitais.

Um deles é que os atuais sistemas de TI não atendem completamente as IFRS, mesmos aqueles considerados de grande porte e empregados pelas principais empresas nacionais e internacionais.

O mercado de trabalho ainda carece de um número elevado de profissionais com o adequado entendimento e com condições de desempenhar as normas emitidas pelo IASB. Essa é talvez a maior preocupação que permeia a discussão sobre a formação dos futuros profissionais, inclusive em países desenvolvidos, como Estados Unidos da América, Reino Unido e Alemanha. Faltam professores para a nova ensinar a contabilidade nesse novo contexto.

Poderia apontar várias falhas observadas na adoção das IFRS pelas nossas empresas, mas vou dar somente um exemplo de como o correto entendimento das IFRS é complicado e pode prejudicar a adoção das IFRS.

Recentemente, li a seguinte nota explicativa de uma grande companhia aberta brasileira:

As Demonstrações Financeiras Individuais, preparadas para fins estatutários, apresentam a avaliação dos investimentos em controladas pelo método da equivalência patrimonial, de acordo com a legislação brasileira vigente. Desta forma, essas Demonstrações Financeiras Individuais não estão em conformidade com as IFRSs, que exigem a avaliação desses investimentos nas demonstrações separadas da controladora pelo seu valor justo ou pelo custo. (grifos nossos)



O Relatório dos Auditores Independentes sobre as Demonstrações Financeiras dessa companhia, assinada por uma das maiores empresas de auditoria do mundo (uma Big Four), apresenta o seguinte parágrafo de Ênfases:

Avaliação de investimento em controladas nas demonstrações financeiras individuais

Conforme descrito na nota explicativa 2, as demonstrações financeiras individuais foram elaboradas de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil. No caso da EMPRESA XX (omitido por esse autor) essas práticas diferem do IFRS, aplicável às demonstrações financeiras separadas, somente no que se refere à avaliação dos investimentos em controladas pelo método de equivalência patrimonial, enquanto que para fins de IFRS seria custo ou valor justo. Nossa opinião não está ressalvada em função desse assunto. (grifos nossos)



A Interpretação CPC 09 apresenta claramente que as Demonstrações Financeiras Separadas são totalmente diferentes das Demonstrações Financeiras Individuais. Além disso, independente dessa interpretação, as normas internacionais emitidas pelo IASB são emitidas para aplicação nas Demonstrações Financeiras Consolidadas, não existindo as Demonstrações Financeiras Individuais no seu conjunto normativo. Assim, como as Demonstrações Financeiras Individuais não estão em conformidade com as IFRSs, se as normas contábeis emitidas do IASB não são direcionadas para elas?

Ou seja, houve uma grande confusão do elaborador (a empresa e seus contadores) das demonstrações contábeis e a empresa de auditoria, pois não entenderam nesse caso a diferença entre Demonstrações Financeiras Consolidadas, Demonstrações Financeiras Separadas e Demonstrações Financeiras Individuais, sendo que essa última é uma ‘figura’ existente somente no nosso conjunto de normas contábeis. Além do mais, a elaboração das Demonstrações Separadas é opcional, sendo aplicável em casos atípicos.

A lição que se tira é que, mesmos profissionais das grandes companhias abertas, empresas de auditorias independentes de grande porte ou não, professores e alunos AINDA TEM MUITO QUE APRENDER.

Caso os conceitos introduzidos pelas IFRS já estivessem devidamente assimilados por todos nós, ainda enfrentaríamos novos desafios como as novas normas para Valor Justo, Receitas, Leasing, Propriedades para Investimentos, etc., que devem ser aplicadas a partir de 2013/2015.

Cabe a todos os profissionais continuar em um processo de aprendizagem constante para atender adequadamente os anseios da nossa sociedade, pois o crescimento das economias locais agora está passando pela qualidade dos serviços prestados pela contabilidade.

Esse artigo foi publicado, originalmente, na 3ª edição da Revista Balanço Contábil (twitter e facebook), ano 2, agosto de 2012, e é de autoria do Professor Dr. Edilson Paulo.

A parte 1 pode ser acessada clicando aqui e a parte 2 aqui.

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