Eu gosto do sistema de alguns países em que para ser chamado de Professor você realmente tem que ser muito bom e ter história.
Aqui no Brasil até um cara como eu, com pouca idade e pouca experiência, é chamado de professor. Em outro país eu seria chamado, talvez, de "doutor Felipe" e não de "professor Felipe" - professor é outro nível. Por isso eu gosto de diferenciar os que já merecem, dos que ainda não merecem. Os que eu acho que merecem, eu chamo uso um P maiúsculo.
Vejam, o meu Professor saiu daqui da Paraíba, sem conhecer ninguém, para São Paulo com pouco dinheiro, para fazer o seu mestrado em uma época completamente hostil, porque não tínhamos as facilidades que temos hoje. Minha geração ("nutella") não precisou nem sair do conforto de casa para fazer mestrado e doutorado. Ele foi lá, raiz, para a guerra. Só por isso já devemos respeito.
Após concluir o doutorado, ele e outros amigos das Universidades de Brasília, Rio Grande do Norte e Pernambuco, criaram o que viria a ser o primeiro doutorado em contabilidade após a USP - até pouco tempo atrás só tinha a USP e o nosso Programa foi o segundo a ter doutorado.
Não vou ficar falando muito sobre o que ele fez pela Universidade, porque foi muita coisa... só espero que vocês tenham tido a sorte de terem sido alunos de alguém como o meu Professor.
Aqui está a minha carta de "despedida" que escrevi para o PROFESSOR Paulo Roberto Nóbrega Cavalcante, em uma banca que eu estaria com ele, mas não pude estar presente:
Homenagem ao Professor Paulo |
(Quem quiser deixar uma mensagem para ele aí nos comentários, fique à vontade. De vez em quando ele lê o blog.)
Infelizmente eu não pude estar presente nesta minha última oportunidade de poder aprender com o meu maior mentor na Universidade. Uma banca com o Professor Paulo, mesmo eu exercendo o papel de revisor/avaliador, é sempre uma ótima oportunidade de aprender com a pessoa que mais sabe de pesquisa e de contabilidade com quem eu tive a honra de estudar e trabalhar.
Mas não é só de pesquisa e contabilidade que a vida é feita... Lembro que na qualificação do meu primeiro orientando do mestrado, estávamos quase no auge da Greve dos Caminhoneiros, em maio de 2018, quando eu disse a ele que estava comprado em Petrobras e que estava quase convicto de que não haveria intervenção do governo na política de preços.
Ele me disse que estava convicto de que haveria alguma intervenção... quando saí da banca eu zerei minha posição em Petrobras. Uns dias depois houve intervenção do governo e a ação que estava a quase R$ 30,00 uns dias antes, caiu para menos de R$ 20,00. Foi aí que eu recomprei e consegui um bom lucro.
Vejam. A banca não tinha nada a ver com isso, mas mesmo assim eu aprendi uma coisa importante: nunca tenha convicção quando o assunto é governo. Assim, o Professor Paulo me fez sair um pouco menos pobre daquela banca.
Voltando às oportunidades de aprender com o mestre, na verdade, essa banca era a minha última oportunidade formal.
Formalidades são pouco importantes.
Tenho certeza de que ainda aprenderei muito, mesmo que um pouco mais à distância, com esse que merece ser chamado de Professor com P maiúsculo.
Por falar em Professor com P maiúsculo, em nossas conversas, quando precisa ser formal e me chama de "professor Felipe", eu sempre fico constrangido, porque eu não estou nem perto de merecer ser chamado de professor por um cara que é um Professor, com P maiúsculo.
Vocês, alunos, talvez não saibam, mas existem vários tipos de professores na Universidade - cada um com a sua função específica.
O Professor Paulo tem a função de ser Professor com P maiúsculo. Isso quer dizer que ele não é um funcionário público padrão, não é um burocrata, nem apenas um pesquisador ou professor que "só" dá aula. Ele é Professor com P maiúsculo. Só entende isso quem foi aluno dele. Ele é o Professor dos professores!
Mas, um dia, Professor Paulo, eu poderei ter a honra e o orgulho de poder ser chamado de Professor Felipe, porque eu tive o melhor dos Professores. Quem aprendeu com o senhor, só não chega lá se não quiser. Ou se não tiver caráter para isso. Querer eu quero e espero ter caráter suficiente.
Gostaria muito de estar presente nessa banca final e gostaria ainda mais que essa sala estivesse lotada de alunos e professores (e Professores) para presenciarem algo que dificilmente poderão presenciar de novo!
O senhor merece todo o sucesso e reconhecimento que tem. Nunca precisou passar por cima de outras pessoas para nada. Foi tudo talento, esforço, justiça, cuidado com o dinheiro "público" e vontade de ajudar aos outros. Como deveria ser... especialmente no setor público... como o senhor me ensinou.
Comentário de Zé Elias: Grande exemplo de Pessoa, Professor, Pesquisador e Profissional! 4 Ps Maiúsculos!!
ResponderExcluirQue linda homenagem! Ele merece essa e todas as homenagens! Para mim foi mais que um Professor Orientador, foi um Pai! A única palavra que me remete a ele é GRATIDÃO! Agradeço por todos os ensinamentos mas, agradeço mais ainda por todos os abraços, conselhos e apoio “não desista vai dar certo”!
ResponderExcluirFelicidades nessa nova fase!
Um forte abraço!
Lílian
Dois imensos orgulhos ao ler essa primorosa homenagem:
ResponderExcluir1. Ter sido aluno do Professor Paulo, o melhor que tive na minha graduação.
2. Ter sido professor do Felipe, o melhor aluno que já tive numa graduação.
Não marejar os olhos foi impossível.
Muito merecido a homenagem!
ResponderExcluirTive a honra de ser aluno também do Professor Paulo. Ele foi dos Professores quer me passou como seria a contabilidade na realidade, no dia a dia devido sua grande experiência nas grandes empresas as quais trabalhou. Ele não deixava de compartilhar suas vivências como Profissional Contábil!
Parabéns Professor Paulo por sua contribuição a Ciência Contábil!
Caro Professor Felipe, você é muito generoso com as suas palavras. Agradeço imensamente e, já lhe falei, entendo que não as mereço. Aproveito e agradeço, neste espaço, a todos os quais, em virtude do meu afastamento da UFPB, manifestaram opiniões a respeito do meu trabalho como professor. Muito obrigado.
ResponderExcluirInspiração...
ResponderExcluirÉ a palavra de define o que sinto qua do fui sua aluna, professor Paulo.
Nos tempos da minha graduação, ingenuamente sonhei ser uma professora parecida dom o senhor...
Daqueles mestres que quando a gente pergunta algo técnico, ele responde sua pergunta e ainda lhe deixa uma lição de vida.
Me perguntei, como pode?
Ao longo da vida me vêm as respostas...
É preciso experiência e sabedoria para respondê-las, estudo e muita humanidade para entender só há ensinamento quando se tem amor pelo que faz!
Obrigada pelos ensinamentos, professor!