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sexta-feira, 31 de março de 2017

Citação em lote: o problema e a solução

Estou lendo uma dissertação, para participar de uma banca de mestrado, e lembrei de uma coisa que eu costumava fazer muito, mas que agora tenho me policiado para não fazer: citação em lote.

(esse é um nome que eu inventei agora - não sei tem um nome específico para essa prática, se alguém conhecer uma definição específica, peço que me avise).


O QUE É A CITAÇÃO EM LOTE

O que eu chamo de citação em lote é a prática de tentar definir alguma coisa e colocar um monte de citações no final da ideia para dar mais "confiabilidade" ao que você quer dizer.

Essa é uma forma de citação indireta, então não sabemos bem quem disse o quê ou mesmo se realmente disseram aquilo, ou se foi uma interpretação equivocada do autor que fez uso da citação em lote.


O PROBLEMA

Citação em lote equivocada, na minha opinião

Esse tipo de citação, apesar de ser muito usada, não é uma boa prática de escrita científica, porque não conseguimos identificar exatamente quem disse aquilo, ou mesmo se disse daquela forma.



O que acontece com muita frequência é algo mais ou menos assim: 

Existem evidências de que as IFRSs melhoraram a qualidade das informações contábeis em diversos países como Brasil, Alemanha, Inglaterra, porém depende, em alguns casos, do enforcement, da qualidade do órgão regulador, dos auditores, entre outros fatores (AUTOR 1, 2010; AUTOR 2, 2010; AUTOR 3, 2015; AUTOR 4, 2015, AUTOR 5, 2015, AUTOR 6, 2016).


COMO RESOLVER O PROBLEMA?

Citação em lote correta, na minha opinião
No exemplo acima, quem disse o quê? Todo mundo encontrou nos seus trabalhos empíricos exatamente a mesma coisa? Todos trabalharam com todos aqueles países?


Uma forma de citar um monte de trabalhos mais ou menos relacionados, no mesmo parágrafo, é separar quem encontrou o quê.


Naquela citação em lote que usei como exemplo, poderíamos fazer mais ou menos assim:

Algumas pesquisas evidenciaram que o uso das IFRSs melhorou a qualidade das informações contábeis, a exemplo do Brasil (AUTOR 3, 2015; AUTOR 4, 2015; AUTOR 5, 2015), Alemanha (AUTOR 1, 2010) e Inglaterra (AUTOR 2, 2010). Todavia, também existem evidências de que o efeito das IFRSs na qualidade das informações contábeis pode variar, de acordo com o enforcement (AUTOR 3, 2015), qualidade do órgão regulador (AUTOR 1, 2010), qualidade dos auditores (AUTOR 2, 2010), dentre outros fatores mais específicos (AUTOR 6, 2010).

Esse é um exemplo extremo, mas que costuma aparecer de vez em quando.

Eu tenho tentado evitar isso e sempre recomendo que meus orientandos não usem os lotes de forma "equivocada".

Essa visão é corroborada por outros editores de grandes journals, como o Professor Ervin Black (editor do JIAR) e o Professor Salvador Carmona (editor do EAR). 

Assisti a uma palestra de cada um deles, em que eles colocaram isso como um tópico específico para comentar: olha quão importante isso é!

Para mais dicas sobre pesquisas, monografias, artigos etc, clique aqui.

2 comentários:

  1. E quando citamos cada coisa que falamos? Seria um exagero ao ponto de não ter nada autêntico, ou seria uma forma de promover fundamentos ao trabalho?

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    Respostas
    1. É bom citar, mas sem exageros também. Sempre que você quiser afirmar algo que não está na sua análise de dados, é preciso algo que dê embasamento ao que você disse.

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