EFFICIENT CAPITAL MARKETS: II
Fama nesse trabalho faz uma nova revisão de literatura sobre eficiência do mercado, 20 anos após a sua primeira revisão de literatura acerca do tema. Dessa vez o autor diz que o trabalho de se revisar a literatura sobre o tema é mais difícil, visto que a literatura está muito mais ampla do que na década de 1970. Como não é possível revisar toda ou a maior parte dos trabalhos relacionados ao tema, o autor se propõe a discutir os principais trabalhos da área.
No contexto da primeira revisão de literatura feita por Fama, em 1970, a eficiência do mercado só poderia ser testada se houvesse um modelo de precificação que dissesse que as informações estão corretamente refletidas no preço das ações. Com isso, quando se encontravam anomalias do mercado, não tinha como se avaliar se eram em decorrência da ineficiência do mercado ou erro de precificação do modelo utilizado.
Quanto às categorias de eficiência de mercado propostas no estudo de 1970 (forma fraca, semiforte e forte), Fama agora muda essa classificação. Quanto à forma fraca, não mais é composta apenas por preços históricos, mas por diversos outros fatores que o autor diz estarem ligados à “previsibilidade do retorno”. Quanto às outras formas de eficiência do mercado, o autor propõe apenas mudança no “título” da forma. Para os testes da forma semiforte, o autor diz que tem preferência por testes de “estudo de eventos”; já para a forma forte o autor diz ficar melhor utilizar um título mais “descritivo”: testes de informações privadas.
Para cada uma das três hipóteses, o autor faz uma nova revisão da literatura. Em relação ao trabalho passado, a diferença, no que tange à “previsibilidade do retorno” é que no trabalho anterior a análise dos papers mostrava apenas os estudos em relação ao passado, nesse encontram-se diversos estudos utilizando as variáveis históricas para previsão. Na forma semiforte, houve um grande aumento das pesquisas utilizando “estudos de eventos”; os autores dizem que isso se deveu ao fato de que foram desenvolvidos bons computadores que são ferramentas essenciais para a aplicação da metodologia e o banco de dados do CRSP (no Brasil temos o Economática, por exemplo), que possibilitou também a aplicação dos estudos de eventos. Quanto à forma forte, aqui chama de “testes para informação confidencial”, na época do primeiro estudo, apenas dois trabalhos haviam sido publicados relacionados a esse tema; hoje diversos papers estão disponíveis para pesquisa, relacionando, por exemplo, maior rentabilidade dos insiders, pois eles detém informações relevantes que ainda não foram disponibilizadas ao mercado.
O autor encerra o estudo fazendo um resumo dos “resultados” encontrados durante a sua revisão de literatura e dizendo que pode-se esperar uma “história coerente que relaciona as propriedades de cross-section de retorno esperado para a variação do retorno esperado ao longo do tempo, e relaciona o comportamento dos retornos esperados para a economia real em uma forma bastante detalhada. Ou podemos ter esperança de nos convencer de que nenhuma história é possível”.
Referência: FAMA, Eugene F. Efficient Capital Markets: II. The Journal of Finance, v. 46, n. 5. pp. 1575-1617, dec., 1991.
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