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quinta-feira, 8 de março de 2012

Revisando alguns conceitos iniciais de Finanças V


COMMON RISK FACTORS IN THE RETURNS ON STOCKS AND BONDS

Este trabalho de Fama e French (1993) se propõe a identificar cinco fatores de risco comuns no retorno das ações e de bonds. Os autores testam três fatores ligados ao mercado de ações, sendo um fator mais geral e fatores relacionados com o tamanho da empresa (market value of equity – ME) e a relação do valor contábil e valor de mercado do PL (book to market equity – BE/ME). Quanto ao mercado dos títulos do governo ou empresariais (bonds), os autores testaram dois fatores, ligados ao vencimento e ao risco de perda por não recebimento (default risk). O retorno das ações tem variações devido a fatores do mercado de ações, e estes fatores estão ligados ao retorno dos bonds através das variações comuns no mercado de bonds. Exceto para empresas low-grade (aquelas pouco confiáveis), os fatores do mercado de bonds capturam as variações comuns no retorno dos bonds.

Baseado em evidências que apontam que algumas variáveis que não têm “ligação especial” com a teoria de precificação de ativos e que mostraram significância estatística (ME; BE/ME; E/P e.g.) e os betas como sendo relacionados com os retornos do mercado. Com base nisso, Fama e French (1992a) estudaram em conjunto os betas de mercado, ME, E/P, alavancagem e book-to-market equity no cross-section da média de retorno das ações. Eles encontraram que o beta, usado sozinho ou em conjunto com outras variáveis, possui pouca informação sobre retornos médios. Usados sozinhos, ME, E/P, alavancagem e BE/ME possuem poder explicativo. O valor de mercado (tamanho - ME) e o BE/ME aparentemente cumprem a função da alavancagem e do E/P, nos retornos médios. Os autores concluem que as variáveis ME e BE/ME fazem um bom trabalho na explicação dos retornos médios das empresas listadas na NYSE, AMEX e NASDAQ, entre 1963-1990. Porém o estudo analisado aqui amplia esse trabalho anterior de Fama e French.

Os autores dividiram as variáveis explicativas em dois grupos, ambos provavelmente seriam importantes para as ações e para os bonds. Isso possibilitou os autores a testar se fatores importantes para o retorno das ações ajudam a explicar o dos bonds e vice-versa. Com base nisso, eles fizeram os testes e chegaram às suas conclusões.

Um ponto que chamou atenção, por ser interessante, do trabalho é que, no final, os autores deixam algumas “interpretações e aplicações” e finalizam com algumas “questões abertas”, como propostas para pesquisadores no futuro. As interpretações dizem respeito a uma espécie de resumo dos resultados que foram encontrados na pesquisa, isso facilita a leitura dos resultados. A seção de “interpretações e aplicações” é finalizada com algumas sugestões de aplicações, tais como: seleção de carteiras e mensuração dos retornos anormais.

Os autores finalizam com as limitações e questões deixadas em aberto. O principal, que eles chamaram de “mais gritante” foi quanto a relação dos retornos com o ME e BE/ME, porque a escolha dessas variáveis se deu pela experiência empírica dos autores e não por uma base teórica. Com isso, eles dizem que a escolha de “qualquer versão particular dos fatores é algo arbitrário”. Isso intriga muitos pesquisadores até hoje.

Será que eles descobriram isso aleatoriamente? Será que foi com base na experiência deles de mercado, como investidores ou conversando com outros investidores. Talvez tenha sido.

Finalizando o post, isso me fez lembrar de uma leitura que fiz (fugindo do objetivo do post) que evidenciava que boa parte dos achados de pesquisas relevantes para a humanidade são devidos ao acaso. São exemplos disso: insulina, penicilina, viagra, o velcro, entre outros (Veja mais aqui e aqui).

Os dados de Fama e French podem ser acessados por meio do site de French: clique aqui.


Referências
FAMA, Eugene F.; FRENCH, Kenneth R.. Common Risk Factors in the Returns on Stocks and Bonds. Journal of Financial Economics. v.33, p.3–56, 1993.

FAMA, Eugene F.; FRENCH, Kenneth R. The Cross-Section of Expected Stock Returns. Journal of Finance. v.47, p.427–465, 1992.


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