Esta semana o Professor da New York University, Baruch Lev, postou em seu blog um texto com 7 coisas para fazer e não fazer para melhorar sua performance nos investimentos.
Dentre as 7 coisas, ele comentou sobre o seguinte sobre o EBITDA (lucro antes dos juros, tributos, depreciação e amortização):
For reasons that were never clear to me, many analysts focus on EBITDA (earnings before interest, taxes, depreciation and amortization) as a proxy for cash flows. But this is a poor proxy (what about all the non-cash expenses beyond depreciation?), and without any supporting evidence. In any case, why use a proxy for cash flows if you have the full cash flow statement quarterly reported by companies?
Comentários meus sobre o uso do EBITDA como aproximação do Fluxo de Caixa
Em resumo, o Professor Lev diz que o EBITDA é uma proxy (aproximação) muito fraca para o fluxo de caixa. Além disso, o que mais me intriga é a segunda parte do comentário, em que ele se questiona: por que usar uma proxy para fluxo de caixa, quando NÓS TEMOS O PRÓPRIO FLUXO DE CAIXA?
Claro que o fluxo de caixa "puro" pode ser mais volátil do que uma proxy dele baseada em accruals (ajustes contábeis para atender ao regime de competência) e isso poderia atrapalhar um pouco, ou dificultar, as projeções de analistas.
Já para algumas empresas, o EBITDA pode ser uma métrica muito mais "bonita" de se reportar, por ser mais fácil de gerar números melhores - com seus ajustes.
Quando eu postei esse link do blog do Professor Lev no Twitter, o usuário Gutenberg Neto comentou que Warren Buffett já alertava sobre o uso do EBITDA desde a década de 1990, pelo menos:
Até eu mesmo já postei aqui no blog sobre os grandes ajustes que as empresas fazem no EBITDA para deixá-lo mais bonito. Percebam que uma das variações do gráfico abaixo chega a mais de 50%, do EBITDA regulado para o não regulado pela CVM:Estou lendo as cartas anuais da Berkshire Hathaway e o Buffett alerta sobre isso desde o início da década de 90, falando do absurdo que é ignorar a depreciação dos ativos.— Gutenberg Neto (@gutenbergn) January 9, 2018
Leia mais sobre EBITDA aqui no blog:
Post no Instagram sobre isso, com alguns comentários adicionais de outras pessoas:
Felipe,
ResponderExcluirBoa sua postagem. Minha opinião é que o Ebitda deveria ser igual remédio de farmácia, com uma grande recomendação: use por sua conta e risco.
Boa, Professor. Dava até para fazer uma montagem de propaganda de remédio kkkkk
ExcluirComentário de Gutenberg lá no Facebook, sobre a primeira referência que ele encontrou de Buffett sobre o EBITDA:
ResponderExcluirPor curiosidade resolvi buscar a primeira referência direta que encontrei do Buffett falando sobre EBITDA (chamado na época de "EBDIT", em 1989:
"Soon borrowers found even the new, lax standards intolerably
binding. To induce lenders to finance even sillier transactions,
they introduced an abomination, EBDIT - Earnings Before
Depreciation, Interest and Taxes - as the test of a company's
ability to pay interest. Using this sawed-off yardstick, the
borrower ignored depreciation as an expense on the theory that it
did not require a current cash outlay.
Such an attitude is clearly delusional. At 95% of American
businesses, capital expenditures that over time roughly
approximate depreciation are a necessity and are every bit as
real an expense as labor or utility costs. Even a high school
dropout knows that to finance a car he must have income that
covers not only interest and operating expenses, but also
realistically-calculated depreciation. He would be laughed out of
the bank if he started talking about EBDIT.
Capital outlays at a business can be skipped, of course, in
any given month, just as a human can skip a day or even a week of
eating. But if the skipping becomes routine and is not made up,
the body weakens and eventually dies. Furthermore, a start-and-
stop feeding policy will over time produce a less healthy
organism, human or corporate, than that produced by a steady
diet. As businessmen, Charlie and I relish having competitors who
are unable to fund capital expenditures.
You might think that waving away a major expense such as
depreciation in an attempt to make a terrible deal look like a
good one hits the limits of Wall Street's ingenuity. If so, you
haven't been paying attention during the past few years.
Promoters needed to find a way to justify even pricier
acquisitions. Otherwise, they risked - heaven forbid! - losing
deals to other promoters with more "imagination."
So, stepping through the Looking Glass, promoters and their
investment bankers proclaimed that EBDIT should now be measured
against cash interest only, which meant that interest accruing on
zero-coupon or PIK bonds could be ignored when the financial
feasibility of a transaction was being assessed. This approach
not only relegated depreciation expense to the let's-ignore-it
corner, but gave similar treatment to what was usually a
significant portion of interest expense. To their shame, many
professional investment managers went along with this nonsense,
though they usually were careful to do so only with clients'
money, not their own. (Calling these managers "professionals" is
actually too kind; they should be designated "promotees.")"