Essa é a segunda parte da série iniciada semana passada sobre a escrita científica.
Abaixo está a segunda parte. Boa leitura!
FALHAS LÓGICAS RELACIONADAS COM A ESCRITA
A LÓGICA DO ARTIGO
Os leitores
interessados nos artigos estão preocupados em ler os resultados e saber quais
foram as conclusões dos autores. Então as informações que não derem suporte aos
resultados devem ser excluídas da versão final do artigo. Para evitar o
problema de dar muitas informações (desnecessárias) aos leitores, Volpato
recomenda que o artigo seja separado em seções (em arquivos diferentes) de modo a possibilitar uma visão
separada de cada seção e o seu “poder” explicativo sobre os resultados e
conclusões obtidos no trabalho. Assim os autores poderão saber o que é e o que
não é necessário estar no trabalho final.
ESPECIFICIDADE DO OBJETIVO DA
PESQUISA
Esse ponto do autor me faz
lembrar as primeiras pesquisas que eu realizei e muitas outras publicadas aqui
no Brasil. Não é necessário especificar tanto o seu objetivo no título do
trabalho. Isso acaba fazendo com que o título fique confuso, atrapalhando mais
do que ajudando. O autor exemplifica esse exagero da seguinte forma:
“Falta apenas incluir o CEP para
completar o endereço do objeto de pesquisa” [em tradução livre][1].
Sabemos que todo estudo precisa
de um local, uma data e um método. Não precisamos, por exemplo escrever:
Análise do value relevance das
informações contábeis no mercado brasileiro de capitais: um estudo com dados em
painel nos de 2011 e 2012.
Aqui eu faço uma junção do que
foi dito por Volpato, o que foi dito pelo Professor Gilberto Martins, no 13º Congresso
USP, e um ponto com base na minha experiência. Ora, toda pesquisa é feita em
algum lugar e em algum período. Além disso, toda pesquisa tem uma metodologia,
é um estudo e tem uma análise. Sendo assim, nós não precisamos dar todas essas
informações no título, já que ele deve ser o menor resumo do seu artigo.
Se a pesquisa foi realizada no
Brasil e o autor está buscando a publicação no Brasil, acredito que não seja
necessário citar “mercado de capitais brasileiro” no título. Por outro lado, se
o pesquisador estiver buscando a publicação em journals de outros países, aí sim é necessário.
O outro ponto que quero comentar
nesta subseção é sobre a citação da metodologia no título. Isso soa, para mim,
como se a metodologia fosse a “coisa” mais importante do mundo. Complemento
que, conversando com alguns avaliadores e editores de revistas mais experientes
que eu, o consenso é que pega mal. Soa, para eles, como se os autores
estivessem aprendendo a usar a metodologia, então eles já leem o artigo em
busca de erros: um aprendiz (iniciante) é mais propenso a errar.
Então, caros leitores, cuidado com esses pontos. O título é a primeira parte do seu trabalho que será lida!
Na postagem de quarta-feira trataremos da introdução, justificativa e algumas informações desnecessárias. Até lá.
[1] They need only to give the postal code to
completely address the objective of the research in question (VOLPATO, 2010, p.3).
Professor, na opinião do senhor, o título deve especificar o tema tratado até onde se vai estudar ou é melhor que se especifique ao longo do próprio texto? Exemplifico. Digamos que se queira estudar os gestores públicos de universidades estaduais. No caso, qual seria o título mais significativo:
ResponderExcluirLimitações digitais de gestores públicos de universidades estaduais e suas implicações nos investimentos em tecnologia.
OU
Limitações digitais de gestores públicos e suas implicações nos investimentos em tecnologia.
Agradeço bastante!
Thales, não existe uma fórmula para isso. O título deve ser o menor resumo do seu trabalho.
ExcluirAconselho fechá-lo apenas quando você terminar a monografia.
Talvez o primeiro seja melhor, porque se usar o segundo você vai acabar "enganando o cliente", e as pessoas lerão achando que é outra coisa.
Obrigado professor
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