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segunda-feira, 12 de agosto de 2013

A lógica da escrita científica: alguns comentários [PARTE 2]



Essa é a segunda parte da série iniciada semana passada sobre a escrita científica.

Abaixo está a segunda parte. Boa leitura!

FALHAS LÓGICAS RELACIONADAS COM A ESCRITA

A LÓGICA DO ARTIGO
Os leitores interessados nos artigos estão preocupados em ler os resultados e saber quais foram as conclusões dos autores. Então as informações que não derem suporte aos resultados devem ser excluídas da versão final do artigo. Para evitar o problema de dar muitas informações (desnecessárias) aos leitores, Volpato recomenda que o artigo seja separado em seções (em arquivos diferentes) de modo a possibilitar uma visão separada de cada seção e o seu “poder” explicativo sobre os resultados e conclusões obtidos no trabalho. Assim os autores poderão saber o que é e o que não é necessário estar no trabalho final.

ESPECIFICIDADE DO OBJETIVO DA PESQUISA
Esse ponto do autor me faz lembrar as primeiras pesquisas que eu realizei e muitas outras publicadas aqui no Brasil. Não é necessário especificar tanto o seu objetivo no título do trabalho. Isso acaba fazendo com que o título fique confuso, atrapalhando mais do que ajudando. O autor exemplifica esse exagero da seguinte forma:

“Falta apenas incluir o CEP para completar o endereço do objeto de pesquisa” [em tradução livre][1].

Sabemos que todo estudo precisa de um local, uma data e um método. Não precisamos, por exemplo escrever: Análise do value relevance das informações contábeis no mercado brasileiro de capitais: um estudo com dados em painel nos de 2011 e 2012.

Aqui eu faço uma junção do que foi dito por Volpato, o que foi dito pelo Professor Gilberto Martins, no 13º Congresso USP, e um ponto com base na minha experiência. Ora, toda pesquisa é feita em algum lugar e em algum período. Além disso, toda pesquisa tem uma metodologia, é um estudo e tem uma análise. Sendo assim, nós não precisamos dar todas essas informações no título, já que ele deve ser o menor resumo do seu artigo. 

Se a pesquisa foi realizada no Brasil e o autor está buscando a publicação no Brasil, acredito que não seja necessário citar “mercado de capitais brasileiro” no título. Por outro lado, se o pesquisador estiver buscando a publicação em journals de outros países, aí sim é necessário.

O outro ponto que quero comentar nesta subseção é sobre a citação da metodologia no título. Isso soa, para mim, como se a metodologia fosse a “coisa” mais importante do mundo. Complemento que, conversando com alguns avaliadores e editores de revistas mais experientes que eu, o consenso é que pega mal. Soa, para eles, como se os autores estivessem aprendendo a usar a metodologia, então eles já leem o artigo em busca de erros: um aprendiz (iniciante) é mais propenso a errar.

Então, caros leitores, cuidado com esses pontos. O título é a primeira parte do seu trabalho que será lida!

Na postagem de quarta-feira trataremos da introdução, justificativa e algumas informações desnecessárias. Até lá.


[1] They need only to give the postal code to completely address the objective of the research in question (VOLPATO, 2010, p.3).

3 comentários:

  1. Professor, na opinião do senhor, o título deve especificar o tema tratado até onde se vai estudar ou é melhor que se especifique ao longo do próprio texto? Exemplifico. Digamos que se queira estudar os gestores públicos de universidades estaduais. No caso, qual seria o título mais significativo:
    Limitações digitais de gestores públicos de universidades estaduais e suas implicações nos investimentos em tecnologia.
    OU
    Limitações digitais de gestores públicos e suas implicações nos investimentos em tecnologia.
    Agradeço bastante!

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    Respostas
    1. Thales, não existe uma fórmula para isso. O título deve ser o menor resumo do seu trabalho.

      Aconselho fechá-lo apenas quando você terminar a monografia.

      Talvez o primeiro seja melhor, porque se usar o segundo você vai acabar "enganando o cliente", e as pessoas lerão achando que é outra coisa.

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