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segunda-feira, 19 de agosto de 2013

A lógica da escrita científica: alguns comentários [PARTE 4]

Estamos dando início à nossa última semana desta série. Esperamos que ela esteja sendo útil para os novos pesquisadores do Brasil (e os futuros, se alguém acessar esses post daqui a alguns meses ou anos).

Esse ponto de hoje é extremamente polêmico. Já causou diversas brigas em bancas de monografias (como se não tivesse nada mais importante para se debater em uma banca de monografia...).



O ESTILO DA ESCRITA: A VOZ
Aqui no Brasil é muito comum utilizarmos a terceira pessoa na redação dos nossos artigos científicos (eu uso, por exemplo – exceto no blog, que não é tão científico...), enquanto que nos journals de mais alto impacto a tendência é a utilização da primeira pessoa – uma tendência que surgiu na década de 1990 (VOLPATO, 2010). Porém Volpato (2010) diz que a utilização da terceira pessoa é uma falha lógica e filosófica, uma vez que a utilizando estamos assumindo que o leitor aceitará o que estamos escrevendo. E esse não é o caso da pesquisa científica, onde há muita dúvida e a busca pela refutação ou confirmação dos resultados encontrados.

Em oposição à utilização da terceira pessoa, quando utilizamos a primeira pessoa estamos informando (indiretamente) que analisamos os dados e chegamos àquelas conclusões, que podem ser confirmadas ou não.

O problema é que aqui no Brasil (pelo menos na minha área) a utilização da terceira pessoa é muito forte. Se utilizarmos a primeira pessoa seremos duramente criticados – podendo contar pontos negativos na nossa avaliação.

Quem tem coragem de iniciar a revolução? 

Nas avaliações dos artigos que eu participo, já estou começando a relaxar esse ponto. Já nas minhas orientações de monografia eu prefiro que os orientandos utilizem a terceira pessoa, para se protegerem da banca (tem banca que é fogo...).

A decisão, então, é do autor, que deverá optar por mais ou menos emoção na sua defesa[1] ou avaliação do seu artigo.

Até a quarta-feira, quando concluiremos essa série. Obrigado aos leitores que acompanharam. Aguardo sugestões e dúvidas sobre a escrita científica.

Até lá!

Confira o post passado da série e uma resposta a um dos leitores.


[1] O próprio nome “defesa”, por si só, já é tenso: pressupõe que alguém vai lhe atacar e você terá que se defender.

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