Esse ponto de hoje é extremamente polêmico. Já causou diversas brigas em bancas de monografias (como se não tivesse nada mais importante para se debater em uma banca de monografia...).
O ESTILO DA ESCRITA: A VOZ
Aqui no Brasil é muito comum
utilizarmos a terceira pessoa na redação dos nossos artigos científicos (eu
uso, por exemplo – exceto no blog, que não é tão científico...), enquanto que
nos journals de mais alto impacto a
tendência é a utilização da primeira pessoa – uma tendência que surgiu na
década de 1990 (VOLPATO, 2010). Porém Volpato (2010) diz que a utilização da
terceira pessoa é uma falha lógica e filosófica, uma vez que a utilizando
estamos assumindo que o leitor aceitará o que estamos escrevendo. E esse não é o
caso da pesquisa científica, onde há muita dúvida e a busca pela refutação ou
confirmação dos resultados encontrados.
Em oposição à utilização da
terceira pessoa, quando utilizamos a primeira pessoa estamos informando
(indiretamente) que analisamos os dados e chegamos àquelas conclusões, que
podem ser confirmadas ou não.
O problema é que aqui no Brasil
(pelo menos na minha área) a utilização da terceira pessoa é muito forte. Se utilizarmos
a primeira pessoa seremos duramente criticados – podendo contar pontos
negativos na nossa avaliação.
Quem tem coragem de iniciar a
revolução?
Nas avaliações dos artigos que eu participo, já estou começando a
relaxar esse ponto. Já nas minhas orientações de monografia eu prefiro que os
orientandos utilizem a terceira pessoa, para se protegerem da banca (tem banca
que é fogo...).
A decisão, então, é do autor, que
deverá optar por mais ou menos emoção na sua defesa[1]
ou avaliação do seu artigo.
Até a quarta-feira, quando concluiremos essa série. Obrigado aos leitores que acompanharam. Aguardo sugestões e dúvidas sobre a escrita científica.
[1] O próprio nome “defesa”,
por si só, já é tenso: pressupõe que alguém vai lhe atacar e você terá que se
defender.
Nenhum comentário:
Postar um comentário